quarta-feira, 25 de abril de 2007

Sabia que São Jorge teve um Cônsul em Macau?





O blogspot recebeu para publicação o seguinte contributo para a história de S. Jorge, que foi enviada pelo Exmo. Sr. Padre António Machado.

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Contributos para a História de S. Jorge

Doutor Magalhães Da ilustre e benemérita família do Conde.

Nasceu em Torres Vedras onde seu pai era Delegado em 22 de Maio de 1873. Era filho de Joaquim Pereira Magalhães e de D. Luísa Coelho da Rocha.Pelo lado materno pertencia à ilustre família de Covelas, sendo segundo sobrinho do célebre jurista Coelho da Rocha.Formou-se em Direito em 1894, tendo por condiscípulo o célebre Afonso Costa.Assentou banca de Advogado na Vila da Feira.Pouco depois meteu-se na política alistando-se no partido progressista a que foi sempre fiel.Nas eleições de 1906 saiu eleito deputado por este círculo e continuou a sê-lo até à queda do regime monárquico, sendo também presidente do Município da Feira.Não aderiu à República mas continuou a sua actividade política. As situações pimentista e sidonista deram-lhe de novo, ainda II (segunda ) presidência da Câmara da Feira.Solteiro até aos 54 anos relacionou-se com várias mulheres que lhe deram filhos e que depois perfilhou; até que, antes de ir para Macau em 1926, resolveu casar-se com uma delas, mas só depois de já estar ausente e substituindo-se por um procurador, de modo que nunca fez vida marital com ela.Quanto às suas qualidades e ao seu feitio:Era um homem muito inteligente e vivo mas avêsso ao estudo.E por isso a sua cultura foi sempre muito superficial.Depois não tinha temperamento nem jeito para exercer a sua profissão.Dotado de um génio muito irrequieto e volúvel não se prestava a aturar maçadas e a prender-se muito tempo fosse ao que fosse.Custava-lhe estar parado; mal prestava atenção a quem o consultava,demorava-se pouco no escritório e assim nunca foi um advogado à altura da sua inteligência.No tribunal mesmo nunca brilhou apesar dos seus dotes oratórios porque nunca se preparava com o estudo das causas.E cá fora, na rua e sociedade, o mesmo irrequietismo, a mesma volubilidade.Quase nunca parado, atirando um cumprimento para aqui outro para acolá, detendo-se donde a onde a falar com alguém, mas esgueirando-se logo, sentando-se num banco para quase em seguida se levantar, ouvindo uma pergunta e respondendo a caminhar e sempre distraído, sempre alheado da vida real, meia volta a acender cigarros e a atirá-los,meio queimados, para o chão; e quase sempre a tossicar, uma tosse especial que o dava a conhecer ao longe.Outra característica da sua psicologia: Não dar valor ao dinheiro.Gastava à doida, sem atender ao futuro.Quantos gastos escusados!Quantas coisas compradas que ele nunca utilizou!Quantos livros que ele nunca leu, nem aos quais cortou as folhas!Quantas peças de vestuário que nunca usou!E louças que ficavam arquivadas nos armários! E mil bugigangas que ficavam esquecidas nas gavetas! E foi assim que ele se endividou,aceitando letras e assinando hipotecas com uma inconsciência espantosa e dando cabo da grande casa que herdou.Também a política contribuiu para este seu descalabro financeiro.Nela andou constantemente metido sem contudo conseguir ser uma potência eleitoral.Obstava-lhe a isso o seu génio avesso a maçadas.Não, nunca foi um cacique eleitoral Mas foi sempre um belo rapaz, o Dr. Magalhães.A sua bondade, o seu desinteresse, a sua prontidão em servir a todos,o seu temperamento avesso a ressentimentos e a vinganças e a cordialidade com que falava a todos, granjearam -lhe muitas simpatias e tornaram-no muito popular. (Dos escritos e memórias paroquiais).Um homem simpático da nossa Vila

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