terça-feira, 8 de maio de 2007

A paisagem em Arcozelo está a mudar.


A paisagem em Arcozelo está a mudar.
Subia a Avenida da Igreja, num dia solarengo da Primavera e parei, para dois dedos de conversa com um velho amigo, aproveitando a sombra que a copa dos plátanos "produzia" na zona adjacente à escola velha.

Já agora, Plátanos são árvores do género Platanus da família Platanaceae, as quais são nativas da Eurásia e América do norte e também típicas dos climas subtropicais e temperados. No geral, são árvores de interesse ornamental, podendo atingir mais de 30 metros de altura. Possuem folhas lobadas semelhantes às do bordo (acer), que ficam avermelhadas no Outono antes de caírem no Inverno, mas diferenciam-se dos bordos pelas flores reunidas em inflorescências globosas em contraste com os amentos presentes nos bordos e também pela ausência de resina nos plátanos entre outras diferenças estruturais menores.
O género Platanus compreende dez espécies e vários híbridos, cultivados para fins ornamentais. Os exemplares mais antigos deste grupo datam do Cretácico (ca. 115 milhões de anos)…

Mas isto, por ora, não interessa.

Dizia eu que, quando subia a Avenida da Igreja encontrei um amigo que já não "punha a vista em cima" à muitos anos. Daqueles velhos amigos de infância. Não estava com ele desde os famosos campeonatos de concharinha no parque das termas. Foi um dos que viu, comigo, o último episódio da série televisiva "Verão Azul".
Apesar de já não viver na freguesia, esse meu amigo, vem cá regularmente (talvez… uma, duas vezes por ano…. Se não chover…)
Mas gosto dele. Pronto. Pensamos sempre que todos são tão "apegados às terra" como nós. Como se isso fosse de julgar…
Depois do enquadramento de circunstancia tipo "… éh pá, hoje está cá uma brasa…", ou do género "… o Benfica este ano não vai lá…" e ainda "… óh meu… tens uma máquina… Isso bebe muito?", e para hoje é o que importa, ele perguntou-me como é que o pessoal estava a reagir.
- Ouve, mas como é que o pessoal está a reagir?- perguntou ele.
- A reagir de quê? – perguntei eu, meio encavacado.
- A reagir… A encarar a coisa… A entender… - retorquiu o meu amigo.
Confesso que comecei a ficar ligeiramente preocupado. Não estava a perceber mesmo nada do que ele queria.
- Óh pá, explica-me o que queres dizer com isso . – referi eu em tom algo envergonhado.
- Então, como é que o pessoal está a reagir ao facto do relevo no lugar de Arcozelo estar a mudar? Que se saiba, a freguesia não se encontra sobre uma zona vulcânica.
Aqui, respirei fundo. Pensei que não passava daquele momento. Estava-me a ir abaixo das canetas. Eu que sempre estive minimamente informado de tudo o que se passava na freguesia, não fazia a mais pálida ideia do que é que ele queria dizer. E o meu miocárdio começava a palpitar.
- Que relevo? – Perguntei eu, com a voz trémula.
- Então ainda não viste o monte que está a nascer na encosta de Arcozelo. Penso que é na zona das pedreiras.
- Tás a falar do muro?- Perguntei novamente.
- Não. O muro é assunto que a Comissão está a acompanhar. Estou a falar do monte. Um monte de não sei o quê. Talvez areia, brita, cascalho. É um bocado longe para ver o que é. Mas que é grande, lá isso é!
- disse o meu amigo.
Eu, já envergonhado e curvado perante tamanha distracção da minha pessoa, resignei-me e tentei mudar rapidamente de conversa.
– Há… Tá bem… Realmente aquilo tem de ser visto…" – disse eu.
Depois de mais uma troca de palavras de cariz pessoal, cumprimentámo-nos com um "…até qualquer dia…".
Como eu não sou de ficar muito tempo a pensar no mesmo assunto, decidi, logo naquele instante, subir mais um pouco, até ao dito lugar de Arcozelo. Chegado ao cimo da Rua do I(e)migrante, junto ao desvio para o Calvário, tive então, a visão que o amigo falava.
Como é que, passando por ali quase todos os dias, nunca me tinha apercebido de tal coisa, qual monte surgido da cratera de um qualquer vulcão numa ilha açoriana. A paisagem estava mesmo a mudar. O skyline da encosta possui, realmente, uma nova silhueta. Basta olhar em frente, e abstrairmo-nos dos cabos das infra-estruturas eléctricas e telefónicas que, primitivamente, teimam em polvilhar o território, que detectamos, sem dificuldade, que algo está a nascer.
Não nascem pinheiros, batatas, cebolas ou cenouras, como ambientalmente promove o PDM, mas sim, imagine-se… areia, brita ou cascalho… E diga-se, em boa verdade, que NASCE AOS MONTES…
O hotel que pelos vistos, está em cima de uma pedra que já foi bela, lá em cima, esse, teima em não se desmoronar.
Quero afirmar que não tenho nada contra as plantações de areia, brita ou cascalho. Não tenho mesmo…
No entanto, a questão é outra. A questão é saber se aquilo obedece a algumas normas técnicas de acondicionamento.
Não vá a mãe natureza se lembrar de nos pregar alguma partida e, como se diz "… aquilo vir por aí a baixo…"
Mas isto, sou só eu, em mais um devaneio emocional enquanto não chegam as férias.
Ou então, será um alerta para aquilo que vocês quiserem…
"Inté"…

atento73

5 comentários:

Anónimo disse...

Já tive oportunidade de confirmar os factos.
Existe ainda uma melhor perspectiva do "monte": quem vai na direcção Airas-Arcozelo, mai ou menos perto do corte para a Trama. A imagem ainda é mais assustadora.
Parabens "atento 73" pelos teus textos.

Anónimo disse...

sinceramente nao acho tao escandaloso uns metros cubicos de stock de uma materia prima "natural" temos infelizmente outros atentados a natureza na freguesia que esses sim ainda irao ser denunciados........

Anónimo disse...

Pois é...
Mas para mim, essa "matéria prima natural" não pode escorrer para o rio.
É que depois não basta mandar uma retroescavadora, uma vez por ano, limpar o rio.
A mim não me "compram" nem me tapam os olhos com meia dúzia de horas a limpar o rio.
Ainda por cima, essas limpezas são actos impróprios para o leito do rio.

Anónimo disse...

eu acho que já mudou................................................................................

Anónimo disse...

são os camelos dos irmãos cavaco. são uns podres uns corruptos. pensam que é tudo deles