Em terras de Santa Maria da Feira, num vale banhado pelo rio Uíma (um dos muitos afluentes do Douro e onde há algum tempo apareceram lontras) ficam situadas as termas das Caldas de S. Jorge. Segundo dados históricos, o rei D. João IV chegou a receber uma petição destinada a efectuar o desvio das águas do Uíma para facilitar a construção do futuro balneário termal.É um espaço aprazível, convidativo ao descanso e lazer. A maioria dos aquistas chegam do Porto e Aveiro, mas quem lá vai só precisa de estar atento. Após entrar no centro da cidade, basta seguir a sinalética a caminho da estância. Ultrapassado o trânsito citadino, o termalista irá percorrer uma avenida com plátanos, bancos de jardim e verde à volta. Ao fundo, fica situado um edifício de fachada típica da arquitectura do século passado, cujo balneário termal dispõe de "águas milagrosas" capazes de ajudar à cura de algumas doenças músculo-esqueléticas e reumáticas, osteoporose, reumatismos inflamatórios, artrites, nevralgias, tendinites e sequelas pós-traumáticas. As águas hipotermais captadas a 23 graus são hipomineralizadas, com forte reacção alcalina. Outros dados técnicos "possuem elevada percentagem de silício e lítio, bicarbonadas, cloradas, sulfuro-hidratadas e sódicas". Para além dos tratamentos das patologias atrás mencionadas, as Termas de S. Jorge encetaram, há alguns anos, um plano de modernização e oferecem outro tipo de serviços vocacionados para bem-estar físico e psicológico. A saúde a pouca distância das grandes cidades.
Manuel Vitorino
3 comentários:
Deveras interessante. Apenas uma ressalva: a referência à "cidade" é, obviamente, uma alusão a Santa Maria da Feira. Parece-me que para se chegar da "cidade" às Termas de Caldas de S. Jorge é necessário algo mais do que simplesmente "ultrapassado o trânsito citadino, o termalista irá percorrer uma avenida com plátanos, bancos de jardim e verde à volta".
Para além dessas pistas de orientação algo confusas, parece-me um texto interessantíssimo.
Era realmente do interesse geral e particularmente importante para o património cultural-histórico da freguesia que se fizesse um apanhado histórico dos acontecimentos narrados aqui e de outros acontecimentos marcantes na vila. Não conheço - e corrijam-me, por favor, caso esteja enganado - qualquer estudo desse âmbito feito acerca da nossa vila.
Seria aliás interessante promover-se a organização em livro de alguns artigos de carácter histórico-cultural-turístico, referente ao património desta terra banhada pelo Uíma e pelas águas termais.
Havendo uma entidade que patrocine a iniciativa (edição), não faltariam certamente indivíduos capazes de alinhar alguns artigos do género...
Fica aberto o fórum.
Pinto da Silva corrige:
Efectivamente a história referida ocoreu no reinado de D. JOÃO VI (sexto, o que fugiu para o Brasil mais tarde por causa das invasões francesas) e não D. JOÃO IV (quarto, o que matou o Miguel de Vasconcelos). É um pouco longo mas vou transcrever o texto histórico, depois de se dizer que o pároco descobridor das águas gastou muitos dos seus parcos recursos, etc., etc., diz-se:
Alguns annos mais tarde o sargento mór de S. Jorge, Bernardino Francisco Pinheiro e outros grandes do concelho da Feira, representaram ao governo de D. JOÃO VI (regente) entre outras cousas, o seguinte:
"Que na freguesia de S. Jorge se tinha descoberto uma nascente d'aguas de Caldas que, analysadas (?) e experimentadas por peritos durante um anno, se julgaram proficuas a queixas d'estomago, debilidades nervosas, rheumatismos e outras enfermidades;
Que o abbade levado de bom animo e zelo patriotico tinha já dispendido, em commum beneficio com varios medicos e alguns melhoramentos a quantia de 300$000 reis;
Que, finalmente, sendo necessario romper parte d'um monte, afim de se desviar o curso do pequeno Uima, comprar terrenos de dominio particular, edificar casas de banho e assistencia, etc. - lhes concedesse a graça de imposição d'um real em cada quartilho de vinho que se vendesse no districto da Vara do Juiz de Fora da Comarca da Feira para assim poderem fazer face a estas despesas".
Esta petição habilmente formulada, em que se significa a ideia que a impellira, foi ATTENDIDA, como se vê na Provisão de 21 de janeiro de 1805, ficando o imposto e obras sob a administração e inspecção immediata do Juiz de Fora da comarca da Feira ....."
A obra foi posta em arrematação por 13:000 cruzados (o edificio thermal) sendo que o rompimento do monte que devia servir de leito ao pequeno rio, que custou 480$000 reis. O imposto a que acima referimos rendendo annualmente 420$000 reis teve de vigorar por muito tempo.
A descrição continua por longo texto. Sem prejuizo de alguma falha procurei seguir a ortografia da época, de resto copiado de documento em meu poder.
Resumo: Foi no tempo de D. João VI e não D. João IV.
Adorei o post do Sr. Vitorino.
Sabia que o rio foi desviado. Quando e por quem e que tempo não tenho dados concretos!
O Calvário é de 1660;
a Igreja é de 1735.
Então em que data foi feito o desvio?
D. João IV de Portugal e II de Bragança (Vila Viçosa, 19 de Março 1604 — 6 de Novembro 1656) foi o vigésimo primeiro Rei de Portugal, e o primeiro da quarta dinastia, fundador da dinastia de Bragança.Abade Inácio António da Cunha - Começou a paroquiar em Dezembro de 1794. Era natural de Santo Ildefonso, Porto. Filho de António José da Cunha e Ana Maria da Cunha. Teve aqui a mãe e um irmão Frei Januário que aqui morreram e mais 4 irmãs que aqui ficaram a residir depois da sua morte, primeiro em Caldelas e em seguida em Casaldoido, falecendo três aqui e ausentando-se a última em 1844.
O abade Cunha faleceu em 7 de Julho de 1825, com 54 anos de idade como se vê do assento de óbito. Sustentou uma demanda por causa do passal e venceu-a, como se vê de uma sentença existente no arquivo paroquial.
Em 1797 descobriu as virtudes curativas das águas das Caldas e mandou construir barracas e tanques de madeira para o seu aproveitamento. A maior parte dos serviços foi feito pelos seus curas Preda e Sousa de Arcozelo. Tinha boa caligrafia, redacção muito clara e mostrou ser padre instruído e muito relacionado. No seu tempo foi feito e dourado o retábulo do altar-mor.
Foi sepultado na capela - mor da igreja.
Então diga mas coisas, estou a gostar!
Enviar um comentário