quinta-feira, 3 de abril de 2008

De oito para oitenta

Tem sido insistentemente assinalada, nestas páginas e também na blogosfera local, a desordenação do estacionamento na zona envolvente das Termas, com forte saliência para o que se passa na Rua Graciete Santos, porque aí, há um sinal de proibição de estacionar do lado direito (a rua é de sentido único) que ninguém respeita e, estacionando-se de ambos os lados, deixa de haver passagem para um qualquer pesado. Fala-se que há dias um camião esperou ali quase uma hora porque os donos das viaturas estacionadas e a estorvar a passagem deviam estar no bem bom de alguma massagem ou banho bem temperado. Muito se tem falado também para o estacionamento em cima dos passeios, em cima mesmo, as quatro rodas nos passeios, nalguns casos de gente com responsabilidade no funcionamento da estância.

Situação bem distinta é a com que foram confrontadas diversas pessoas que, na Rua Rio Uima, na faixa do lado direito, sentido norte/sul, tinham as viaturas estacionadas em frente da Pensão São Jorge. Estavam os carros bem arrumados, um deles com 2 ou 3 cm em cima do passeio (notar que é um passeio à cota do asfalto), e uma brigada da GNR parou (por sinal a estorvar a entrada num parque privado) e começou a anotar as matrículas das viaturas, por estarem, segundo os agentes, em contravenção.

Concluiu-se, depois de se conversar com aquela autoridade que, naquele dia, era objectivo chamar à atenção, mais do que passar contra ordenações. Claro que foram os condutores aconselhados a retirarem as viaturas e deu para, depois, se tecerem alguns comentários. De forma cordial, seja dito.

Que naquela rua, disse um, sempre se estacionou naquele lugar, até porque não há na rua qualquer sinal de proibição, nem existe ali a linha longitudinal amarela que iniba a paragem. Que se está a transgredir, porque os carros que vierem no mesmo sentido, para ultrapassarem, terão que pisar a outra faixa de rodagem, ripostou o guarda. Mas qual o problema, se ali está marcada a linha descontínua a separar as faixas? Está a transgredir o código da estrada, diz um agente. E ademais, tem vindo nos jornais, referiu especificamente o "Terras", que a polícia tem feito vista grossa ao estacionamento desordenado em Caldas de S. Jorge e logo lhe foi ripostado que as notícias se reportavam à Rua Graciete Santos com estacionamento dos dois lados e alguns estacionamentos nos vértices de curvas impeditivos de passagem de autocarros. Que já tem sido preciso ir chamar "ao banho" condutores de viaturas deixadas a estorvar o autocarro. E às vezes ficam carros "poisados" em cima dos passeios. Que em ambos os casos, lá como ali no caso em apreço, são transgressões ao código, foi dado como resposta.

Claro que não ficaram os circunstantes convencidos, porque para se impedir o estacionamento são precisos os sinais de proibição e, no caso apreciado, havendo ali uma linha descontínua, não se vê que transgressão haverá, se uma viatura ao ultrapassar outra estacionada passar à outra faixa, se não vem outro de frente. Não se pode ultrapassar um carro em andamento?

Oxalá não se trate de um excesso de zelo ou uma tentativa revanchista só porque a comunicação falou de alguns casos aberrantes e tratados com olhos de soslaio.
nnn
Têm sido assunto recorrente em conversas mais restritas, como nos meios de comunicação, a pesquisa, detecção e denúncia das mais recônditas fórmulas de corrupção, com destaque para as mais miúdas, as que passam por entre os dedos das mãos de todos. As grossas só com o arpão da especializada investigação.
Cai no conhecimento de quase todos (quem poderá dizer que não conhece um caso no seu lugar, na sua freguesia ou no seu concelho?) a corrupção e fraude ao nível das prestações sociais, nomeadamente os subsídios de desemprego e doença e o RSI (vulgo rendimento mínimo) e muitas formas de untos de mãos para obtenção sub-reptícia de antecipações, de aprovações de direito duvidoso, etc.
Têm as tutelas reforçado os esquemas de fiscalização, gastando balúrdios de euros, mas parece estar interiorizado e provado que apenas 10% dos prevaricadores serão detectados pelas fiscalizações físicas nos locais de transgressão. Espera-se sempre estar no lote dos 90% não apanhados.
Uma fórmula expedita e barata de dissuadir a fraude seria a de afixar nos locais de estilo, em cada freguesia, listagem mensal dos beneficiários das prestações aludidas. Outra seria a de envolver obrigatoriamente as Juntas de Freguesia na validação dos processos de candidatura a alguns subsídios (RSI e Complemento Solidário) com despacho obrigatório de confirmação das declarações dos requerentes. As Juntas, pela proximidade, podem sempre, em caso de alguma dúvida, proceder a algumas averiguações confirmativas ou infirmativas das declarações.
Contou-se por aí que uma pequena empresa transformadora, com 8 ou 10 trabalhadores, em nome individual, apresentou a declaração de cessação de actividade. Diz-se que tinha instalações próprias e um razoável parque de equipamento específico. Fechou, portanto, e passou aos trabalhadores a respectiva declaração para o Fundo de Desemprego.
O titular da firma terá arranjado um (pseudo) emprego numa firma amiga, através da qual descontou sobre (pseudo) farto salário durante meio ano, após o que foi (pseudo) despedido, caindo no desemprego. Como já tinha 60 anos, esgotado o tempo de desemprego, haverá de tentar a reforma antecipada que, normalmente, é concedida.
O melhor da questão é que, desabafava-se com estupor, a firma, a que cessou a actividade, continuou a laborar nas mesmas instalações, com o mesmo equipamento, com o mesmo pessoal, com a mesma gerência, com os mesmos clientes, com os mesmos fornecedores, só que com todo o movimento ao negro e, claro, com o pessoal a receber por dois canais e passando todo o movimento para a dita economia subterrânea. Com tudo à vista e só o rabo escondido. Se houvesse a divulgação, por edital, das pessoas em subsidiação, não haveria algum decoro e mesmo receio de incorrer em tamanho desplante? É seguro que haveria. Funcionaria como as convocatórias para as juntas médicas de confirmação de incapacidades. Diz-se que mais de 20% dos convocados não comparecem e pedem a alta.
Com a cooperação dos institutos mais próximos das pessoas é que se agilizariam os procedimentos e se poupariam incontáveis recursos tão necessários.


♦ José Pinto da Silva (In Terras da Feira Online)

4 comentários:

Anónimo disse...

A PESSOAS QUE SE PUDESSEM LEVAVAM O CARRO ATÉ À CASA DE BANHO .

Anónimo disse...

o sR. PINTO DA SILVA TEM RAZÃO.
ONDE DEVEM MULTAR, NÃO MULTAM ONDE NÃO DEVEM ESTÃO LÁ SEMPRE COMO LEÕES.

Anónimo disse...

GNRs à espera de Pinto da Silva!
Quem semeia ventos colhe tempestades!

Anónimo disse...

Até poderá ser verdade, mesmo não me tendo eu apercebido. Mas ... nunca será por receio de alguma tempestade, que deixarei de soprar algum vento transportador do que penso sobre coisas e ou pessoas e suas actuações. Feitios...

José Pinto da Silva