segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Da memória à criação de uma forte identidade...

As cidades, como as civilizações, nascem, crescem, declinam e morrem quando lhes faltam os recursos que as mantêm vivas e, acima de tudo, quando não possuem um projecto de vida próprio.
A generalidade das cidades em que hoje vivemos, enquanto estruturas em permanente mutação, sofrem os efeitos das pressões submetidas pela sociedade, baseada na produção lucrativa e orientada para a sua maximização.
A diminuição do espaço disponível, nas suas zonas mais centrais, provoca o aumento do valor dos respectivos terrenos, ficando estes apenas ao alcance das actividades ligadas ao ramo imobiliário, relegando a primazia do espaço público para as periferias e, muitas vezes, para um segundo plano.
A cidade convencional é, portanto, estimulada a crescer irreversivelmente e a concentração da população que nela encontramos, corre o risco de viver com a inexistência de um espaço vital e humanizado, cada vez mais impessoal, onde as pessoas se acotovelam nos passeios (quando estes existem) e o transito automóvel invade todos os lugares.
Portanto, admitindo o sentido figurativo e mais amplo do termo “cidade”, entendo ser extremamente pertinente, neste período de conjuntura económica mais desfavorável e em que a promoção imobiliária é menos evidente, que haja um sério e amplo debate, no sentido de se encontrarem melhores soluções para a definição de uma filosofia de desenvolvimento e para o reforço da identidade desta imensa terra em que vivemos.
Como já dizia Ebenezer Howard em 1898, o pioneiro moderno da descentralização da cidade industrial, com a invenção da cidade-jardim, o pensamento sobre as vilas e cidades assenta em 3 princípios fundamentais:
- A terra devia pertencer à comunidade;
- Todas as pessoas deviam estar envolvidas no planeamento;
- Devia haver harmonia entre o espaço construído e o ambiente natural.
No caso específico de Caldas de S. Jorge, creio existirem condições para que, a prazo, se possa vir a transformar num “território modelo” no âmbito da região em que se insere. Que possa voltar a ser um local aprazível e um espaço procurado pelas mais variadas gentes.
Nos últimos anos, temos assistido à renovação de alguns equipamentos que, sem dúvida alguma, se traduzem num pilar fundamental para a crescente importância que esta terra pode assumir.
Exemplo disso, foram as obras de reformulação e ampliação do edifício das Termas, todas as obras de requalificação da sua área envolvente, a definição de um projecto de renovação do espaço “Ilha”, a reabilitação da Igreja Matriz, etc. Podemos ainda referir a potencial e eminente aprovação do novo centro de dia/noite no âmbito dos incentivos criados pelo governo central ou ainda o “irreversível” percurso pedonal que surgirá ao longo do Uíma.
Mas também jamais poderemos esquecer um dos maiores patrimónios que esta terra possui: a actividade industrial e económica ligada aos artigos de puericultura. Desde há várias décadas que, num esforço conjunto entre empresários e operários, gente mais abastada ou mais humilde, têm levado com o seu trabalho, o nome de Caldas de S. Jorge aos diferentes cantos do mundo. Esta é uma questão que importa realçar e, porque não, acarinhar de forma incessante. Não se pode evocar esta terra sem se falar da industria de puericultura.
Mas a identidade de Caldas de S. Jorge pode e deve ser ainda mais forte. Os projectos e os sonhos deverão ser, a breve prazo, transformados em realidade. Falo, obviamente, da definição de um programa operacional em torno da actividade Termal e Turística na área central da vila, da criação de um Parque Verde Urbano, da qualificação do espaço público, da requalificação da “Casa da Pines” enquanto “pousada de charme” e que possa catapultar a criação de condições reais para a instalação do hotel desejado, e da construção de um pequeno auditório associado a uma “casa/museu do brinquedo”...
Mas, para que isso seja possível, é preciso gerar-se discussões, debates, criar consensos e desígnios comuns. É preciso, acima de tudo, respeitar as pessoas.
Se isso acontecer, estou certo que por cá, e dentro de pouco tempo, se vai cometer o crime original: o da sedução.
Porque o sentido crítico da reversibilidade se revela cada vez mais poderoso...
Pedro Castro e Silva

11 comentários:

Anónimo disse...

Numa vila em que sao 20 a puxar para a frente e 150 a atirar para tras!E quase pedir um milagre. Mas porque nao?

Anónimo disse...

Impecável!
Maravilhoso!
Pedro Castro e Silva
http://certasconfidencias.blogspot.com/
É o mais inovador,
criativo,
desenvovimental
e progressivo
"texto-post"
que desta Vila Termal de Caldas de São Jorge li
e tomei conhecimento nestes últimos 24 anos!
Foi pena este plano de intenções sonhador não ter nascido há 25 anos!
"O homem sonha,
A obra nasce!" ( Fernando Pessoa).
Evitava tantas dores de cabeça
e seria impeditivo de certo
e confirmado pessimismo
gerador de incompreensões, frustrações, receios e medos justificados!
Venham mais cinco!!!
Com o dinamismo "Know how"
do autor
do presente texto-post!
caldas-sao-jorge.blogspot.com
sente-se ufano e
orgulhoso!
Parabèns!
Admnistrador conhecido e retaratado:ATM

Anónimo disse...

Achei o texto de uma qualidade superior, talvez não ao alcance de todos os leitores.
Gostaria de dar os parabéns ao Pedro Castro e Silva por este momento de inspiração.
Também escrito que poderá quanto a mim desviar o leitor da mensagem que é transmitida.
Talvez os maiores responsáveis desta terra comecem a sentir o peso da “sedução”, agora que estamos a chegar perto das eleições.

ECS

Anónimo disse...

100% de acordo.
Os pessimistas que se reformem.
WZ

Anónimo disse...

ó meu amigo!!!!!!!!!!!!!!!!!! ó pedrinho vai ver o projecto do ilha mas é!!!!!

Anónimo disse...

Este último comentário diz tudo, a mentalidade destas gentes... é por isso que a villa não cresce... Com a aproximação do esclarecimento público do ADRITEM, só não percebe este texto quem não quer. Nós aqui temos tudo... Temos o espaço, Maravilhoso, Verde, Calmo, Relaxante... Temos os apoios... só falta mesmo as pessoas porem as mãos às obras (os donos dos espaços - os investidores) existem tanto que se pode fazer por esta terra para que o seu nome chegue mais longe... Tenha que a população não chegue lá, eu por mim estou a fazer a minha parte...

Anónimo disse...

O problema na nossa terra é a dualidade ou seja " 2 caras", a este texto muito lindo e repetitivo, não vale a pena comentar, o que eu digo é que para quem começa projectos e não os acaba tem muita "letra" o texto.

Anónimo disse...

Ao anónimo das 16:36
Não fale do que não sabe.
O projecto do ilha está acabado há muito tempo. Quanto ao tema do post concordo completamente que o que falta à nossa freguesia é ter um projecto a longo prazo.

Anónimo disse...

votava em ti Pedro para presidente da junta, falta a todos os outros o que tu tens, projecção e gosto pela freguesia. Segue assim, pois mostra coragem da tua parte.
Sempre tive sonhos, e eu pouco ou nada posso fazer, mas tu sim, vai em frente por favor, faz que os nossos filhos possam ter orgulho nesta nossa freguesia.
WZ

Anónimo disse...

Desassumidos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Cobardes!!!!!!!!!

Anónimo disse...

Pedro. sou alguem a quem já fizeste muito mal com a tua atitude, mas compreendo que na altura não tinhas a maturidade que tens agora e como já te perdoei, posso dizer-te que te considero um bom filho desta terra não te feches nem fiques só com as ideias, sonha e conta o que sonhas porque isso pode ajudar alguem a realizar o que sonhas, eu faria o mesmo que tu por esta terra, mas no meu caso já me sacrificaram o suficiente e há feridas que são difiçeis de sarar, pode ser que um dia me tenhas ao teu lado e muitos mais como nós, isto vai mudar um dia tenhamos fé e esperança até porque esta boa gente que é a maioria de S.jorge ainda vai vêr realizado o que os seus filhos sonham.Obs:não faço este comentário por pertencer a algum partido nessecito dizer para não se penssar que tudo o que se disser aqui no blog é para pomover alguem da côr do seu partido,tenho mas fico por aqui.