segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

CORREIO DE LEITORES...

- Caldas & Caldos -
Capitulo I
O MEL E O FEL
A neblina poisara o seu manto invisível nas folhas de couve acinzentadas que bordejavam o carreiro de terra batida.
Os chilreios da pardalada já desperta, confundiam-se com o chiar sincopado e monocórdico da carreta de mão, atulhada de leitugas e erva, que ia agora descendo lentamente ao longo do passeio que confronta com o já célebre Jardim do “Dr. Carlos”

O cãozito que era caniche, mais por vocação genética que por vontade própria, rebuscava aqui e ali purgantes em tufos de erva ainda molhada que depois lá ia moendo, basbaque e com a dentição exposta.
Ao longe o sino do Redentor anunciava em Júbilo a missa da manhã fazendo com que Domingo não fosse, naquelas bandas, uma mera casualidade semântica.
Caldas de S. Jorge, acordava.

Felismina, ( nome fictício ) pousou a carreta e com um gesto de braço limpou a fronte suada aos borbôtos encardidos da manga de lã. Na última badalada, a sétima, vá-se lá bem saber porquê, benzeu-se. Depois, passados poucos instantes, ergueu em esforço a carrela e botou-se novamente ao caminho.
Ainda tinha tanto que fazer. Dar de comer ao bichêdo, tomar banho, e ir enfeitar a campa do falecido que lhe morrera dois anos antes durante a noite, engasgado com especturação.
Ainda guardava zelosamente e com saudade os últimos rebuçados do “Dr Bayard”, receitados no posto médico para lhe aliviar a tosse e o catarro e que o defunto marido deixara, naquela fatídica noite, pousados na mesinha de cabeceira. Não fosse uma praga de formigas no Verão passado e teria continuado o estranho ritual de lhes dar duas ou três chupadelas todas as noites antes de se deitar. Por causa das aftas, do sabor a carquênho, e também muito por influência do carteiro deixou-se disso.

- “Lord”, gritou ela. Anda cá “Lord” – O canídeo que entretanto defecava sobre um folheto amarrotado da Junta a anunciar uma qualquer inauguração aprazada para aquele dia , ouvindo a ordem da dona, apressou-se na lide.
Combalido pelo esforço das contracções abdominais, teve tempo ainda para, apoiado nas patitas dianteiras roçar o esfíncter, para trás e para diante, no prospecto colorido. Depois, já mais aliviado do ardiume, correu lesto com a folha que entretanto se lhe apegara ao pêlo, para junto da patroa.

Entretanto, e não muito longe dali.

- Ó “Zeca”, Afinal quando é que vem a carrinha nova ? Perguntou ele num jeito “ en passant ” - …é que…“Tava” a precisar de ir buscar umas coisas ao “Lecler”.
- Já cá devia estar. Respondeu ele prontamente. Deixei recado para me ligarem, assim que estivesse pronta.
- …E afinal de contas, sabes se eles sempre conseguiram resolver o problema da Junta ?
- Que problema? Interrompeu bruscamente o Zeca. Aqui, quem tem que resolver os problemas da Junta sou eu, não são eles.
- Não é isso Zeca. Disse soltando uma sonora gargalhada. Na junta mas é na junta …. da colaça.
( continua ) … ( digo eu )


bettencourt

4 comentários:

Anónimo disse...

A respeito dos - Caldas & Caldos -
Capitulo I
O MEL E O FEL
Então as couves eram acinzentadas … com certeza estoirou o vulcão do Alto do Calvário e cobriu tudo em São Jorge de cinzas:
cabeças,
olhos,
orelhas,
vistas
e até as couves coitadas!!!
Só o anémico, diarreico caniche Lord saiu ileso …
porque limpava os esfíncteres aos papéis da Junta!
Não sabia destes efeitos medicinais dos papéis da Junta na cura dos canídeos!!!
Seria uma grande Indústria e Comércio aplicá-lo ais humanos!
Já agora não de se esqueçam de ir à Junta levantar as licenças
e vacina do canídios
porque andam por aí como certos humanóides a fazer poucas vergonhas,
na Colina do Sol ,
no Parque das Termas
e zangados com a Brisa por que lhes tirou um lugar sagrado…e tão jeitoso que até dava para gravar vídeos para mais tarde recordar… os muros do campo da bola têm muitos buraquinhos!!!
Quanto a elaboração e elucubração gongórica do texto passa!!!
Mas não diz nada!!!
É pouco imaginativo, progressivo e inovador!
E coloca gente simples da Caldas inclusive o miserável e lazarento Lord em péssima situação e com um casting defraudado de reduzida auto e hetero – autoestisma!
Nem o Red Bull o vai curar!!!
Quanto à junta da culaça !!! essa não percebi!!!
Penso que nesta momento do campeonato
e a luta de trincheira de uma guerra que já acabou e foi feito o armistício não tem sentido a guerra que fomenta !!!
Mas por que os soldados são estúpidos
e ignorantes continuam a lutar …e por que não têm a Internet ou se a tem usam-na para outras coisas…
Counter Strike, etc… acho ser descabido!!!
Enfim:
Não diz nada!!!
É pouco imaginativo, progressivo e inovador!

Anónimo disse...

Melhores cumprimentos,
Caro comentador anónimo.
Aceito desde já a sua crítica.No entanto deixe-me esclarecer que a ideia subjacente a este post, é tão somente a de caricaturar de uma forma ficcionada alguns episódios mais ou menos recambolescos que tem a ver com o dia a dia da nossa terra.

Suponha que se trata de um livro que se vai escrevendo com o único propósito de transmitir aos leitores alguns momentos de boa disposição.O que leu e que deu aso ao seu comentário é o inacabado capítulo I.

Admito no entanto que este tipo de formato não colha e por isso, se o post não tiver pelo menos 10 comentários favoráveis, arranjo espaço na minha gaveta de sucessos por acontecer e guardo lá a ideia.

Quanto à "Junta da colaça" existe de facto um recado implícito.
Passo a explicar :
O orçamento desta Junta para 2009 prevê a disponibilização de uma verba de 10.000€ para aquisição de uma viatura "usada". Fazia ( no meu ponto de vista ) mais sentido adquirir em sistema leasing uma viatura nova diferindo no tempo as mensalidades, libertando desta forma,verba para outras necessidades mais prementes e evitando despesas de manutenção imponderadas como por exemplo Juntas de colaça.

Seja como for, e porque não sou detentor da verdade, resta-me aceitar e compreender pacificamente a sua crítica.

atenciosamente


bettencourt

Anónimo disse...

Ao aceitar a crítica o Senhor Comendador Bettencourt mostra que é inteligente! Coisa rara nesta terra...Mande mais!!

Anónimo disse...

Por favor: peço tradução.

Escreva portugês, por favor !