quarta-feira, 3 de março de 2010

VÁRZEA, DE PARAÍSO TURISTICO A PARQUE DE SUCATAS E LIXEIRA

O pequeno vale da Várzea, situado na fronteira de Pigeiros e Caldas de S. Jorge, a pouco mais de 2 km da zona termal desta última localidade, é banhado pelo rio Uíma e é um património único no concelho da Feira, no que respeita a beleza natural, que nos foi emprestado pelos nossos antepassados.

Recentemente, os poderes locais, decidiram, contra todo o mais elementar bom senso, aprovar um projecto para a construção, numa das encostas do referido vale da Várzea, um gigantesco parque de sucatas, para onde confluirão todos os resíduos automóveis de diversos concelhos; mais recentemente e ainda em processo de estudo, está a instalação, para esta mesma encosta, de uma gigantesca lixeira, a que dão o nome de aterro sanitário, que ocupará uma área de 20 hectares e que servirá para enterrar o lixo proveniente dos concelhos de Gaia e Feira, ou seja, o lixo de mais de 400 000 pessoas.

O vale da Várzea é uma herança colectiva que nos foi emprestada pelos nossos antepassados, como já referi, como qualquer herança, a Várzea tem muitos verdugos que trabalham para que esse património colectivo desapareça, apesar das suas potencialidades naturais reconhecidas por quase todos. Ou pelo menos, assim era até há poucos anos atrás, no tempo em que havia um projecto turístico que pretendia transformar esse magnífico vale da Várzea, pela sua beleza natural, numa atracção internacional, curioso, porque os verdugos que agora o pretendem aniquilar, nesse tempo, apregoavam aos ventos as suas potencialidades e a sua beleza natural, pena é que tenham tão pouca memória e que agora só encontrem utilidade para a Várzea para aí depositar lixos.

Como a falta de memória é coisa que não mata, essa gente dos poderes que comandam os destinos do concelho há décadas, vivem de boa saúde, apesar de deixaram acumular e agravar os problemas, não encontrado soluções de fundo para a sua resolução definitiva, nada lhes acontece, encomendam um estudo à medida aqui, e outro ali, e assim, justificam as suas desastrosas acções, pena é que hajam técnicos e instituições que alinhem nestes jogos pouco claros e pouco sérios.

A simples inclusão do vale da Várzea como um dos locais passíveis de escolha para a instalação de um aterro sanitário, é por si só um escândalo de difícil classificação, a sua escolha para a efectiva instalação de uma lixeira dos tempos modernos, a que pomposamente chamam aterro sanitário, constitui uma afronta e um atentado ao património natural do concelho, bem como à memória colectiva dos habitantes de Pigeiros e Caldas de S. Jorge.

Os argumentos, alegadamente, de carácter científico que os verdugos da destruição apresentam para justificar a sua escolha, bem como, os seus discursos vazios disfarçados de senhores bem-pensantes, de nada valem, muito menos os seus argumentos em nome do progresso, pois, o conceito de progresso, que hoje vigora e que os poderes alimentam, necessitam de revisão urgente, sob pena de nada nos restar.

Assim, se nós, povos de Pigeiros e Caldas de S. Jorge, consentirmos que destruam o vale da Várzea com uma lixeira, mesmo que esta tenha outro nome, não valeremos mais do que o que lá irão depositar.

José Vaz e Silva
http://josevazsilva.fponto.net/

6 comentários:

ATM disse...

Parabéns. Uma nota bem conseguida!

Anónimo disse...

verdades iconvenientes para muitos "politicos".
Parabens, bom texto.

Jorge Pinto disse...

Parabens pelo texto e se for preciso mobilizar gente para não deixar colocar lá a lixeira eu alinho na fila da frente.

Anónimo disse...

Eu assino por baixo...

Anónimo disse...

Com as chuvas e a inclinação das encostas o rio Uíma vai ficar bastante poluído. Onde estão os estudos de impacte ambiental? Vergonhoso o que vão fazer aqui na nossa terra.

Anónimo disse...

Várzea é um lugar de pigeiros, não é um lugar das caldas, ou será que esta gente das caldas quer agora mandar no que possa acontecer em pigeiros...