segunda-feira, 19 de abril de 2010

Cabecilha de burla a seguradoras em fuga há dois anos

Líder de grupo da Feira acusado de simularmais de 130 acidentes não se apresenta à GNR desde 2008

 

 

SALOMÃO RODRIGUES

Um dos cabecilhas do grupo de indivíduos acusado de ter simulado mais de uma centena de acidentes para enganar seguradoras está fugido à justiça desde há cerca de dois anos. As seguradoras pedem mais de um milhão de euros em indemnizações.

O proprietário de uma oficina de reparações mecânicas, de Lobão, Feira, é considerado um dos três "cabecilhas" de um grupo de 46 acusados pelo Ministério Público de terem simulado 138 acidentes. O arguido, de 39 anos, estava obrigado pelo juiz de instrução a apresentar-se três vezes por semana no posto da GNR de Canedo, mas deixou de comparecer perante as autoridades em Dezembro de 2008, depois de ter sido notificado para comparecer no Tribunal de Espinho para interrogatório.

Na altura, problemas de saúde foram alegados pelo advogado para justificar a ausência do arguido. Mas após essa data não terá sido mais respeitada pelo arguido a medida de coacção imposta pelo tribunal.

Mandados de captura

Em consequência do incumprimento da medida de coacção e da falta ao interrogatório judicial, que não foi justiçada com declaração médica ou de outro tipo, foram emitidos vários mandados de detenção. Contudo, as autoridades acabariam por não conseguir localizar e deter o homem, com o objectivo de o apresentar em tribunal para interrogatório.

O paradeiro do indivíduo é neste momento desconhecido, mas a qualquer momento podem ser de novo passados mandados de captura.

Outro dos indivíduos apontados como "cabecilhas" pelo Ministério Público é o proprietário de uma oficina de automóveis, situada nas Caldas de S. Jorge, e um funcionário de um stande de automóveis de Santa Maria da Feira. Já estiveram ambos em prisão preventiva, medida de coacção que foi entretanto alterada para a mera prestação de termo de identidade e residência.

De acordo com a acusação do Ministério Público, em causa está a simulação de 138 acidentes rodoviários, entre 2000 e 2006, para enganar as seguradoras.

O esquema passava por dois tipos de actuação distintos. Nalguns casos, os acidentes eram previamente combinados com os condutores das viaturas; noutros os suspeitos embatiam contra automóveis cujos condutores ignoravam que estavam a fazer parte de um esquema fraudulento. Os embates aconteciam em locais previamente escolhidos de forma a que não existissem dúvidas quanto à responsabilidade dos respectivos intervenientes.

Carros preparados

De acordo com os dados apurados pela investigação da PSP de Espinho, alguns dos veículos seriam previamente preparados com peças estragadas. As consequentes reparações eram depois pagas pelas seguradoras.

Os resultados da mesma investigação permitiram já às seguradoras lesadas a apresentação no Tribunal de Espinho de vários pedidos de indemnização aos arguidos, no montante demais de um milhão de euros. Entre as queixosas encontram-se a Fidelidade Mundial, Liberty, Alliance e Lusitânia. O início do debate instrutório está marcado para a próxima sexta-feira.

1 comentário:

Anónimo disse...

as companhias de seguros também teêm peritos nisso...