segunda-feira, 19 de abril de 2010

Festival de Literatura em Viagens…

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Matosinhos acolhe, a partir de amanhã e até sábado, a quinta edição do "Literatura em Viagem", encontro que reúne mais de 30 autores de dez países

2010-04-16

SÉRGIO ALMEIDA

Principal evento literário português, a par do Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim, o encontro Literatura em Viagem regressa amanhã a Matosinhos. Robert Fisk, Lázaro Covadlo, Tim Butcher e Valter Hugo Mãe são alguns dos mais de 30 participantes.

Os escritores estão em natural maioria, mas desiluda-se quem encarar o Literatura em Viagem (LEV) - organizado, à semelhança do "Correntes", por Francisco Guedes - como mais um simples encontro literário. A par de romancistas e ensaístas, encontramos na lista de convidados figuras ligadas à fotografia, música, artes plásticas, jornalismo ou ciência.

A partilha de experiências suscitadas pela viagem - encarada não apenas do ponto de vista físico, mas também como jornada interior - é o mote do LEV, que, ano após ano, vê consolidado o seu prestígio.

O número de convidados, oriundos de dez países, suplanta as três dezenas. Rostos familiares dos leitores portugueses não faltam (Francisco José Viegas, Valter Hugo Mãe, José Fanha ou Ignacio Martínez de Pisón são disso exemplo), mas há também a aposta da organização em nomes que, embora não tão imediatos, são garantia de amenos e estimulantes momentos de conversa.

É o caso do argentino Lázaro Covadlo, interessantíssimo escritor radicado em Espanha há longos anos, cujos livros, como "Criaturas da noite", exploram as fronteiras, tantas vezes difusas, ente o Bem e o Mal. Ou ainda de Tim Butcher, jornalista inglês que resolveu seguir as pisadas do mítico Stanley Livingstone, subindo, sem ajudas externas, o rio Congo. O resultado dessa experiência é relatado em "Rio de sangue", publicado, no ano passado, pela Bertrand.

Já o jornalista free-lancer, fotógrafo e investigador Joaquim Magalhães de Castro, autor do ensaio "Mar das especiarias", deverá brindar os presentes com descrições pormenorizadas sobre suas deambulações pelo globo, com destaque para o Oriente.

Até terça-feira, a Biblioteca Municipal Florbela Espanca é o epicentro de uma mão-cheia de actividades, que têm como ponto alto as mesas-redondas. Cada um dos oito painéis corresponde a um tema que, em muitos casos, serve apenas como pretexto para reunir autores com uma base profissional comum. "Viajar prolonga a vida", "Palavra a palavra viajamos", "Toda a realidade é um desejo de viagem" ou "Percebo-me viajando" são alguns dos aforismos e citações que servem como pontos de partida para as conversas, nas quais as formalidades são sempre deixadas à porta.

Um dos debates mais aguardados é precisamente o que dá inicio ao evento, às 16.30 horas de amanhã. Intitulado "Literatura e guerra", tem como figura de cartaz Robert Fisk, prestigiado correspondente de guerra no Meio Oriente que cobriu todos os conflitos da região das últimas três décadas e meia. Essa experiência encontra-se sintetizada no livro "A grande guerra pela civilização", publicado em Portugal, no ano passado, pelas Edições 70.

Mimmo Cândito (Itália), Hubert Haddad (Tunísia) e os portugueses Cândida Pinto, Carlos Vale Ferraz e José Mário Silva completam o painel.

Está decorrer, até ao dia 20, em Matosinhos, mais uma edição do LeV - Festival de Literatura em Viagens.

No dia 20, na Galeria Municipal, pelas 15 horas vou participar numa das mesas subordinada ao tema «A alegria do homem está em viajar», e às 16 horas, na Feira do Livro (Galeria Nave), farei uma palestra, juntamente com a professora Clara Sarmento, sobre a presença portuguesa na Indonésia, tendo como base o livro «Mar das Especiarias», onde aproveitarei para anunciar o lançamento do meu próximo livro, «Viagem ao Tecto do Mundo - O Tibete Desconhecido» na Feira do Livro em Liboa no início de Maio.

VIAGEM AO TECTO DO MUNDO

O TIBETE DESCONHECIDO

Joaquim Magalhães de Castro

Colecção Volta ao Mundo

Viagem ao Tecto do Mundo o Tibete Desconhecido relata-nos a viagem inesquecível que Joaquim Magalhães de Castro fez ao coração do Tibete, o Ngari. Com início na capital, Lhasa, esta intrépida aventura durou cerca de mês e meio e atravessou, em direcção a oeste, quase dois mil quilómetros dalgumas das paisagens mais inóspitas, magníficas e sagradas do planeta, de onde podemos destacar a cidade perdida de Tsaparang ou o monte Kailash e o lago Manasorovar, locais de peregrinação budista a nível mundial visitados no início do século XVII pelos jesuítas António de Andrade, Francisco de Azevedo, João Cabral e Estêvão Cacela, entre outros, pioneiros europeus nos Himalaias. De mochila às costas, viajante clandestino em algumas das regiões por onde passou e muitas vezes transportado nas caixas de camiões, o autor conheceu o Tibete mais recôndito e autêntico, o seu povo, a sua cultura, a grandiosidade dos seus palácios, templos e mosteiros, e a sua profunda religiosidade.

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