segunda-feira, 14 de junho de 2010

O Pico do Petróleo

Não concordo com o conteúdo do “post” titulado “O Pico o Petróleo, uma Realidade cada vez mais presente” e inserto no blogue Caldas de S. Jorge. Passo a réplica para este meu blogue, porque não seria curial meter todo este texto como comentário, se é que não excederia o máximo de caracteres permitido. Quem tiver interesse acede aqui.

Com o devido respeito pelo seu “poster”, acho que parte de pressuposto errado, porque absolutamente desactualizado. Para além de um contradição premente.
A teoria do “Pico do Petróleo” conhecido também pelo nome do autor, ou, Pico de Hubbert (Marion King Hubbert) foi expendida em 1956 e, desde então para cá (54 anos) milhares de pesquisas novas foram feitas em milhares de locais diferentes pelo mundo e foram descobertas novas reservas de milhares de milhões de barris do “sangue da nossa sociedade”, como diz o autor. Basta olhar o Brasil e Angola, para referir só locais onde estão interesses portugueses. E tem a Rússia, o Canadá, a Venezuela, a Indonésia, etc. etc.
Concordar-se-á que ocorrerão periodicamente “choques petrolíferos”, mas isso terá sempre a ver com movimentações de políticas económicas, de mais intensa ou menos intensa extracção para condicionar e controlar preços. Recorro-me de um conhecido economista, grande especialista da política económica das energias e particularmente do petróleo, o canadiano, Sr. Jeff Rubin que esteve em Portugal há três ou quatro semanas. Ele confirma que a sociedade actual está “viciada” – o termo usado – no petróleo, mas que vai ter que o pagar muito mais caro. Não porque não haja, mas porque os custos de extracção crescerão fortemente, prevendo ele o preço de US$ 150,00/barril dentro de pouco tempo. Claro que isso irá provocar recessão económica e os preços oscilarão de molde a que as economias se adaptem, sendo que baixarão 5 para subir depois 7, baixando mais tarde 4, para subir depois 6 ou 8 até chegar a um preço alto, mas já com as economias acordadas dos choques.
Pergunta o autor por alternativas ao petróleo como fonte de energia. Eu diria, parafraseando ilustríssimos técnicos, que é a ELECTRICIDADE. Produzida das formas mais diversas, mas sempre de fontes renováveis, já que se deixará de usar o fóssil - petróleo e carvão -(a prazo não longo) para produzir electricidade. Mas a eólica, a hídrica, a das ondas, a solar – a mais importante de todas – e, claro, a nuclear, sabendo-se que as reservas de urânio são consideráveis e sabendo-se que as novas tecnologias além da segurança, quase não produzem cinzas residuais que terão que ser “sepultadas” algures. Portanto a electricidade irá movimentar o chamado mundo desenvolvido, em todo o tipo de movimentos, incluindo todos os meios de transporte, ficando o petróleo (e carvão) a ser utilizado pelos Chineses, Indianos e que tais durante mais uns tempos, até que achem que petróleo é caro e que a electricidade terá tendência a ficar cada vez mais acessível em preço. Será de lembrar que está em Portugal a primeira grande fábrica de produção de acumuladores (baterias) para propulsão de automóveis e que esteve quase a ficar cá também uma nova fábrica de automóveis eléctricos. Temos, de resto, em curso a montagem de uma alargada rede de carregamento de baterias. E isto será espalhado muito rapidamente a todo o mundo ocidental e alguns países do oriente (Japão, Coreia do Sul, etc.)
É verdade que a produção e distribuição da electricidade é ainda muito cara e tem que ser subsidiada. Mas, sobretudo a solar haverá de ser de tal modo disseminada (produção de painéis fotovoltaicos) que se tornarão baratos e concorrenciais com o petróleo em fase barata. Já temos barcos de grande porte a navegar movidos SÓ a energia solar. E carros. E mesmo aeronaves. Será aí o futuro, dizem muitos entendidos.
A certo passo escreve o autor: “…em paradigmas de crescimento eterno que não contemplam os LIMITES (destaque é meu) dos recursos renováveis e não renováveis, é como se não houvesse limites”. Ora os renováveis, porque o são, não tem mesmo limites, a menos que a terra impluda. Não estará previsto que o Sol se apague, que o vento deixe de soprar ou que o mar deixe de ter ondas. Teremos in aeternum essas fontes de energia, cabendo-nos tão só recolhê-la.
E mesmo para as energias fósseis (hidrocarbonetos e carvão), seguindo o que ensina um famoso cientista Dinamarquês, STROMBORG, ficarão milhares de milhões de barris de petróleo no subsolo porque ninguém os haverá de querer enquanto força motriz. Como por cá as cerejas em ano de excesso de produção. Ficam na árvore porque o preço da apanha é demasiado alto. Será extraído algum, o mais fácil de extrair, para usos laterais, como o plástico e muitos sucedâneos. Diz ele, para estabelecer comparação, que se fosse hoje possível e economicamente viável, cobrir dois terços do deserto do Saará com painéis fotovoltaicos, haveria energia para abastecer o mundo. E sabe-se que está formado um enorme consórcio industrial exactamente para produzir os painéis e instalá-los precisamente no Saará para produzir energia para a Europa. Outro consórcio está formado para instalar equipamento idêntico no Dubai. Quer dizer que o desenvolvimento da energia solar é irreversível e vai, a breve trecho, substituir o petróleo. Continuando, claro, a produção eólica e a partir das ondas e está na ordem do dia a discussão séria sobre o nuclear que muita boa gente diz ser uma boa parte da solução. Que percentagem de energia eléctrica é actualmente produzida na Europa via força nuclear? Dizem que haverá de crescer de imediato, inclusive em Portugal.
Diz Stromborg que o grande problema da humanidade é a água potável. Diz ele que se leve água potável aos cantos do mundo onde ela não há e bem e estará resolvido o mais ingente problema da humanidade. O aquecimento dito global não será problema, como não será o combustível fóssil.
Por aqui me fico mal grado muito se possa ainda dizer.

José Pinto da Silva

2 comentários:

Anónimo disse...

Não concorda com nada como é que havia de concordar com o post.

José Vaz e Silva disse...

A resposta a este artigo encontra-se no Ponto de Reflexão e poderá ser acedido pelo link em baixo.

Pico do petróleo – réplica

http://josevazsilva.fponto.net/pr_jvs_art.php?id=49