terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Mensagem para 2012

A irmandade do ócio.

Já não cantamos com o mesmo fervor de outros tempos este nosso hino marinheiro escrito em páginas de sal e de saudade.Versos guerreiros que entoamos à custa de sangues vertidos em inenarráveis batalhas de Honra e de Fé, com uma sonoridade própria que nos glorifica a existência e nos santifica a alma.
Dessas históricas demandas ficou-nos este cântico luso que teimosamente desfraldamos em uníssono num coro de vozes desalinhadas e roucas sempre que acontece Portugal.

Raras vezes a emoção nos arrebata a voz e talvez por isso mesmo, hoje somos uma necrópole cinzenta com meia dúzia de praças engalanadas de heróis esquecidos de quem herdamos canhões, lições e genes aventureiros. Os mesmos que outrora partiram desta praia em batéis de esperança sulcando com galhardia e suor as lágrimas revoltas do mar, ensinando a cada paragem, Portugal ao mundo.
Construindo um vastíssimo legado que agora repousa inerte no jazigo comum da nossa indiferença.
Ínclitas gerações ajudaram a fazer nobre o nosso passado que apesar de fustigado vezes sem conta pela inércia das marés sempre soube soprar o seu desenrasco nas velas lisas do desalento.
Quão triste é ver este povo triste, o que agora se acomoda e acotovela nos batelões da incompetência e nas galeras do desânimo estupidamente ancoradas na quietude do nosso porto. Já nem a ancestralidade nos guia o respeito e se somos nação rasca, é porque por displicência perdemos a identidade.
A que era valente e destemida e que agora se resume a um saudoso resquício de tempo esbatido no cada vez mais longínquo azimute da nossa memória. São essas recordações de glória cada vez mais ténues e distantes que a história insiste em mumificar num perpétuo e insano Sebastianismo, iludindo-nos com a crença vil, cega e imortal em novos messias que nos hão-de vir salvar. Vã ilusão.
São isso sim timoneiros de nebulosa origem e de má sorte aqueles que hoje, sem bússola e sem norte, se agarram como lapas ao leme da vaidade e do poder e que despudoradamente nos guiam impunes o destino pelas rotas da incúria e do desmando. É desta maneira andrajosa que como povo chegamos por fim a lugar nenhum. A esta terra plana, parva, e silenciosa onde já só cresce e ferve a irreverência.
Levantai pois a cabeça e reescrevam com a mesma determinação de outrora esta sorte fugidia. Sacudam-se desse sono letárgico que vos entorpece o espírito e procurai bem as vossas consciências.
Sim, as vossas consciências. É lá que encontrareis os novos mundos de hoje. Aqueles que novamente haveis de construir com redobrado afinco gravando o vosso querer em filigranas de paixão. Novos oceanos de saber que todos juntos iremos de novo aprender e desbravar.
Assumam com coragem o mesmo desígnio que no passado ajudou a construir o esplendor do nosso povo arduamente forjado nas peleias do tempo e que só por orgulho não deixamos esquecer. Este orgulho imaculado de sermos …Portugal.
Façam de novo nosso, este imenso mar Lusitano.
Saibam escolher entre o ócio que vos mitiga a alma e a virtude que vos enaltece o ser.
Não deixeis que as brumas vos turvem o destino pois espessas são as belindas do marasmo com que vos tolhem a razão. Ousem ver mais além, para lá da indignação e da memória e gritem bem alto, tal como o fizeram os inconformados da história.
- Ó pátria, faz-te novamente minha. Ensina-me outra vez a Taprobana.
Se escutarem bem, sente-se neste brado o mesmo clamor que a voz marinheira dos teus antepassados também ousou gritar. Um clamor que ainda hoje prevalece no nosso espírito como um inaudível ruído de fundo. Como se fossem egrégios murmúrios que se repetem incessantemente em cada quebrar de ondas, sincopado e monocórdico.
Sábias vozes, saudosos avós.
É esse murmúrio que nos incandesce o desejo e que há-de por continuada teimosia acabar por irromper em flamejantes vitórias inspirando novamente esta Nação tão tristemente condicionada por intelectos plebeus que por iníqua vontade não souberam nem puderam guiar-te o destino, mas que seguramente saberá emergir desta prolongada derrota com a certeza una de que há-de conseguir rumar outra vez à vitória.
Preparai com rigor as armas que na escola vos ensinaram e pacientemente juntem uma a uma as letras da razão.
Não é o aço mais lancinante do que as palavras. Essas sim, são mortíferas. São as armas com que se atinge o âmago da discórdia e que só por acção do teu certeiro disparo se entranharão no sistema venoso do país como irrefutáveis sedativos de concórdia. Só desta maneira poderás voltar a erguer sobre a lápide coberta de terra dos teus antepassados um novo jardim de esperança plantado de flores e cheiros viçosos que a brisa espalhará outra vez sobre o mesmo mar generoso que sempre nos banhou a existência com remotas alegrias.
Corram pois às armas. A estas. às armas que nos escrevem o sentir e o sentido. Reescrevam um hino só vosso em páginas de virtude como se fosse um manifesto contra esta obsoleta irmandade do ócio que ao abrigo de consuetudinárias razões se apropriou indevidamente dos símbolos que são os nossos. Façam reluzir outra vez o bronze destes canhões ferrugentos e velhos que já só regurgitam arengas de fatalismo. Insurjam-se contra o tempo que urge e marchem com dignidade o vosso querer porque só a marchar se sente verdadeiramente o pulsar do povo. Porque é a marchar que se caminha e qualquer que seja o rumo do nosso incerto futuro, uma coisa é certa, o Hino seremos nós.

bettencourt

Até Já

5 comentários:

Anónimo disse...

Censurado

Anónimo disse...

PROVÉRBIOS DE TODO O ANO
Janeiro
Calça branca em janeiro é sinal de pouco dinheiro.
Em janeiro sobe ao outeiro, se vires verdejar põe-te a chorar, se vires torrear põe-te a cantar.
Janeiro geoso traz um ano formoso

Fevereiro
Fevereiro quente traz o diabo no ventre.

Março
Em março, queimou a velha o maço.
Março marçagão, manhã de inverno tarde de verão.

Abril
Em abril águas mil.
Quem mata uma mosca em abril evita mil.
Em abril a velha queima o carro e o carril.
A lua nova de abril queima como um anil.

Maio
Em maio come a velha ao borralho.

Junho
Junho calmoso, ano formoso.
Em junho, no dia de S. Tiago, pinta o bago.

Julho
Em julho ceifo o trigo e o debulho e em o vento soprando o vou limpando.

Agosto
Em agosto, secam os montes em setembro as fontes.

Setembro
Setembro molhado, figo estragado.

Outubro
Se em outubro demorares a terra a lavrar, pouco hás-de celeirar.

Novembro
Cava fundo em novembro para plantares em janeiro.
No dia de S. Martinho vai à adega e prova o vinho.

Dezembro
Em dezembro corta lenha e dorme.
Dos Santos ao Natal bico de pardal.
Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.

Toni Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Toni Silva disse...

RECEITA PARA UM FELIZ ANO NOVO
- Toma 12 meses completos.
- Limpa-os cuidadosamente de toda a amargura, ódio e inveja.
- Corta cada mês em 29, 30, ou 31 pedaços diferentes, mas não cozinhes todos ao mesmo tempo.
- Prepara um dia de cada vez com os seguintes ingredientes: uma parte de fé; uma parte de Paciência; uma parte de coragem; uma parte de trabalho.
- Junta a cada dia uma parte de esperança, de felicidade e amabilidade.
- Mistura bem, com uma parte de oração, uma parte de meditação e uma parte de entrega.
- Tempera com uma dose de bom espírito, uma pitada de alegria e um pouco de acção, e uma boa medida de humor.
- Coloca tudo num recipiente de amor.
- Cozinha bem, ao fogo de uma alegria radiante.
- Guarnece com um sorriso e serve sem reserva.

Toni Silva disse...

SOLENIDADE DA EPIFANIA / REIS MAGOS


“Tinha Jesus nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do Oriente.
«Onde está – perguntaram eles – o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O».
Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele, toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias.
Eles responderam: «Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo profeta: ‘Tu, Belém, terra de Jusá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’».
Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela.
Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: «Ide informar-vos cuidadosamente acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá adorá-l’O».
Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino.
Ao ver a estrela, sentiram grande alegria.
Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho”. (Mt 2, 1-12)