sábado, 28 de abril de 2007

Antiguidade de Caldas de São Jorge


O blogspot recebeu para publicação o seguinte contributo para a história de S. Jorge, que foi enviada pelo Exmo. Sr. Padre António Machado.

Imagem de S.Jorge
Na fachada principal da Igreja Matriz destra Vila
Imagem em pedra: S. Jorge, donzela, cavalo e dragâo.
Quem sabe onde há outra igual?

A Origem de Caldelas ( S. Jorge de Caldelas – hoje Caldas de São) é antiquíssima. Vem da época pré-romana, romana e proto-cristã numa primeira fase e na recristianização após as invasões muçulmanos antes e depois deAfonso Henriques numa segunda fase.
O documento mais antigo que a ela se refere está inserido no Portugália Monumental Histórica. Tem a data de 1097 e diz: “Christus in Dei nomine ego Patrina Prolix Eriz ideo placuit mihi per bona pacis et voluntas ut faceremus ad vobis Cresconius episcopus sedes Colimbricensi cartula et testamenti de hereditate mea propria qua habuit in Villa Caldellas hic in Sancto Georgio damus ad vobis de iIla ecclesia de medietate II as partes, et habet ijacentia sub tus mons Souto rredondo discurrente rribulus umia território portucalensis prope civitas Santa Maria damus ad vobis illa et ad Sedis Sancta Mara Colimbriense pró remédio anima mea etc. Segue a restante parte do documento. Tem a data de 1097 e identifica bem a paróquia de São Jorge de Caldelas. Já existia, portanto, antes dessa data desse ano.
Tradução livre do documento:” Em nome do Filho de Deus Jesus Cristo eu Patrina Eriz pela minha boa paz e vontade agradou-me fazer a vós Crescónio Bispo de Coimbra ( Caldelas pertencia à diocese de Coimbra) à Igreja de Sâo Jorge o testamento escriturado das minhas propriedades e heranças que tive na Vila de Caldelas, isto em São Jorge, e situa-se a área desde Souto Redondo e deslizando até ao Rio Uima no território portucalense perto da cidade de Santa Maria. Isto para remédio e sossego da minha alma.”

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Quem foi S. Jorge?

Pouco nos diz da vida o Breviário, o Santoral e o Martirológio sobre São Jorge e temos de recorrer à história eclesiástica e aos hagiólogos.
Eusébio fala dele mencionando-o como fazendo parte de um grupo que arrancou das paredes o édito do imperador contra os cristãos. Uma inscrição grega de 346 na Síria menciona-o como um mártir. Há vestígios do seu culto no 4º e 5º séculos. Em Roma existe a pequena igreja de S. Jorge que remonta ao 6º século; e dentro dela num precioso relicário está a cabeça do santo. E este culto que tão de pressa se espalhou na Síria, na Palestina, em Constantinopla e na Itália não demorou muito atingir as últimas terras do Ocidente. São Germano, bispo francês trouxe da Palestina um dos seus braços e espalhou o seu culto na França. Daqui passou à Inglaterra que o tomou como seu padroeiro e como patrono também da ordem da jarreteira. Em Portugal também é antigo o seu culto como prova ser escolhido para patrono desta e doutras freguesias. Mas foi com a vinda dos ingleses em auxilio de Portugal que este culto aumentou. Nas guerras contra Castela o pendão de S. Jorge guiou os portugueses aos combates e em agradecimento pela vitória de Aljubarrota D. Nuno mandou construir a capela de S. Jorge no próprio campo de batalha.
O rei D. João I deu ao castelo de Lisboa o nome deste santo. O rei D. José mandou que a sua imagem a cavalo acompanhasse a procissão do Corpo de Deus.
O título de S. Jorge foi dado a várias paróquias de Portugal, a várias ilhas que os antigos descobriram e ocuparam e a uma benfeitoria da Costa de Africa. Muitos reis e príncipes tiveram este nome. Foi ele o patrono de várias ordens militares e religiosas. É ele também o segundo patrono de Portugal.
Em quase toda a parte a sua imagem aparece na figura dum oficial armado de lança e escudo. Em estampas e fachadas de igrejas apresentam-no a cavalo na atitude de derrubar um dragão. O povo toma a sério esta lenda, mas o combate representa simplesmente a luta cristã, sempre ajudada por Deus contra o dragão infernal: "Georgi, nolite timere; ecce ego tecum sum! "
Tal é o culto nosso padroeiro. E que fez ele para o merecer?
Nas hagiologias há muitas lendas e fantasias; e talvez por isso é que a Igreja omitiu no breviário a sua biografia. E de seguro há isto: Nasceu na Capadócia, segundo uns, na Palestina, segundo outros. Na sua mocidade alistou-se no serviço militar e foi subindo em postos até chegar a capitão dos guardas do imperador. Tinha pouco mais de vinte anos e era fervoroso cristão. Pouco depois praticou ele verdadeiros actos de coragem. O imperador mandou reunir o conselho imperial para o consultar a respeito da perseguição aos cristãos. Jorge que pertencia a esse conselho, compareceu; e quando chegou a sua vez de falar fez a mais vigorosa defesa dos cristãos e a mais severa condenação dos ídolos. Esta atitude, é claro, acarretou-lhe a morte e foi martirizado e morto no ano 290 ou 303 no dia 23 de Abril. Tal é o herói que é representado na nossa iqreja como seu titular. A qrafia do seu nome varia alguma a coisa nos documentos do arquivo paroquial. Assim tem aparecido: Jorge, Jorgio, Georqio, Gorge, Jôrge, Georgiy.."

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante o artigo sobre S. jorge escrito pelo senhor Padre machado. Como gosto de conhecer o que desconheço aqui fica o meu muito obrigado ao Padre machado

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.