terça-feira, 1 de maio de 2007

A Igreja Paroquial



O blogspot recebeu para publicação o seguinte contributo para a história de S. Jorge, que foi enviada pelo Exmo. Sr. Padre António Machado.


A Igreja Paroquial

A Igreja antiga

Dela apenas se sabe que era situada ao sul da actual e a poucos metros de distância desta. Assim reza a tradição.
E a confirmá-lo temos o seguinte: “ o visitador da Igreja em 1741, seis anos depois da sua construção mandou retirar os ossos do adro velho, que não estava vedado, para o adro novo – sinal que o local da igreja velha era outro e não longe.
Possivelmente, nos tempos actuais, o espaço do jardim externo da residência e e do chafariz do mesmo jardim.
E ainda mais.
Quando em 1910 se fez o muro da vedação do pátio da residência apareceram ossos nas escavações do alicerce da parede norte, sinal também de ter sido ali a igreja ou adro antigos.
E outras provas não se pôde encontrar acerca do local.
O mesmo falta quanto à posição, tamanho e estilo de igreja. Mas em vista dos destroços dos seus altares ainda visíveis há poucos anos é de supor que fosse pequena, pobre e destituída de arte.
Seria ela a primitiva matriz?
Não há documentos nem tradição dessa, mas é de presumir que o fosse.
Os primeiros baptismo de que há documentos escritos foram celebrados na Igreja de S. Silvestre de Duas Igrejas

A Igreja nova ( A actual em restauro presentemente)

Construção
Teve esta lugar no tempo do abade Julião e durou 4 anos.
Em 1732 foi tirada a planta e arrematada e feita a obra de pedreiro.
Em 1733 foi arrematada a obra de carpinteiro, cuja planta foi feita no Porto e realizada nesse mesmo ano e nos anos seguintes.
Em 1734 foi coberta com telha.
Em 1735 foram postos e acrescentados os altares vindos da igreja antiga, feitos e pintados o camarim do altar-mor, o trono, o sacrário, os supedânios, o arco cruzeiro, um púlpito, o baptistério, o coro, os bancos, etc.
Receitas e despesas
Foi do livro das contas da Confraria do Santíssimo que se tirou estes apontamentos, mas nele não foram inscritas todas as verbas de receitas e despesas.
Com relação a receitas apenas se mencionam as ordinárias, isto é, as dos outros anos.
Mas evidentemente que outras extraordinárias se conseguiriam. E um dos livros dos capítulos fala-nos da seguinte: O visitador da igreja em 1 de Maio de 1733 diz estar informado de ter sido feito um ajuste de fregueses com o pároco para cada um deles dar anualmente uma mesada curada, cujo produto era destinado às despesas da nova igreja.
E como haviam informado que alguns não cumpriam, os admoestava para virem pagar; e caso o não fizessem os condenava na multa de 5 tostões para a igreja. Era, pois, esta uma receita extraordinária. Mas quanto renderia? O livro das contas o não diz.
E quanto a despesas, a mesma omissão.
Mencionam-se apenas algumas, como a obra de pedreiro, que foi arrematada por 150:000. A planta custou 32:00. E com respeito a materiais e mão de obra diz somente isto: um carro de cal 2:400, salário de um jornaleiro 120 e de um serrador 200.
E outras despesas ali figuram, mas englobadas; de modo que não se fica a saber quanto custou esta ou aquela obra nem quanto foi a despesa total.




O edifício
A construção da nova igreja revelava bem a escassez de receitas; pois ficou inteiramente destituída de belezas arquitectónicas e de primores de talha.
Tudo ao liso e sem obediência a qualquer estilo.
O retábulo do altar-mor foi feito de tábuas velhas mal pintadas, impróprio para a exposição do Santíssimo.
Mais tarde, o visitador proibiu essa exposição, enquanto o não substituíssem por outro mais decente.
Os altares do Mártir e Santo António ficaram metidos nas paredes, sem camarins e com retábulos de tábuas também mal pintadas.
Bancos, cadeira paroquial, sanefa do arco cruzeiro, porta principal, castiçais, sacrário, etc.
Tudo grosseiro e singelo.
E ficou a igreja sem grades, sem guarda vento e sem torre.
Mas devemos confessar que, com os seus fracos recursos financeiros, os dirigentes da obra não a podiam fazer melhor.
É certo que não ficou com riqueza artística, mas ficou alta, espaçosa, com bastante luz e óptimas condições acústicas e muito bem proporcionada.
E a justa harmonia das suas dimensões tanto no interior como no exterior dá-lhe uma elegância e airosidade que todos admiram e elogiam.
Tem ela a forma de um rectângulo e a frente voltada para o mar.
O seu comprimento total, incluindo as paredes é de 33,5 metros, a largura é de 10,5 metros no corpo da igreja e de 8,20 metros na capela-mor e a altura é de 8 metros. Tem uma só nave com um largo arco cruzeiro a separar os dois rectângulos.
As paredes têm 1,04 metros de grossura; e dento delas couberam as escadas dos púlpitos.
Seis janelas amplas deixam passar luz suficiente.
E uma porta principal e quatro laterais, dão aos fiéis entradas e saídas muito desafogadas.
A forma destes portais e friestas é também rectangular e muito singela.
E o tecto de castanho ficou em forma abaulada e repartido em painéis de moldura sem arte e pintura ordinária.
Exteriormente o edifício ficou debruado de cornija em toda a volta e encimado por três cruzes e seis pirâmides.
Sobre a padieira da porta principal erguem-se duas aduelas de arco e entre elas a alta janela do coro.
A fachada arremata num frontão alto e gracioso e no meio deste um pequeno nicho contém um grupo em massa que representa o combate de São Jorge com o dragão. Aos lados do frontão ficaram dois campanários para os sinos.
Na parede nascente outro nicho maior, presumivelmente destinado a hospedar uma imagem e que se conserva ainda vazio.
Na parede sul e farejando com ela uma pedra mole e trigueira com uma inscrição.
E uma de cada lado duas sacristias tendo cada uma delas 6,30 metros de comprimento por 3,30 metros de largura fora as paredes.


DISTRIBUIÇAO DOS ESPAÇOS
O interior da igreja está assim repartido: Em cima a capela - mor com dois planos, o primeiro mais alto quatro degraus e todo pavimentado de pedra, cerca o altar-mor e o seu supedâneo.
O segundo ficou todo assoalhado, com dois compridos bancos de espaldar aos lados e a cadeira paroquial sob o arco cruzeiro.
A seguir mais baixo um degrau o transepto com duas galerias rectangulares aos lados. Nele ficaram os quatro altares laterais.
E por fim mais abaixo outro degrau, o espaçoso corpo da igreja todo soalhado. As grades que hoje o separam do transepto foram ali postas mais tarde. A pequena altura ficaram dois púlpitos, norte e sul, de trabalho muito singelo.
No fundo da igreja e um de cada lado dois compartimentos: o do sul escondia a escada para o coro e tem duas portas, uma pequena e singela e outra grande e em forma de arco. O do norte tem também uma portazita e é mais pequeno.
Ambos ficaram com um óculo para raro de confessionário.
E a seguir a este último e no mesmo alinhamento ficou o baptistério, muito acanhado com tecto de pedra abaulado, uma janela e um armariozito, uma pia de pedra e sem porta.
Aos lados da porta principal duas pias para água benta, as únicas que ali ficaram.
Assente sobre as paredes dois compartimentos e separado da igreja por um arco cruzeiro ficou o coro.
É vedado por uma grade com balaústres, tem uma janela para o exterior e ficou com escadas e alçapões para os campanários.

ALTARES

O retábulo do altar-mor, como já disse, foi substituído mais tarde e nada sei do seu formato.
Tinha as imagens do padroeiro, de São José e de S. Lourenço.
Encostados às paredes do arco cruzeiro ficaram um de cada lado e perfeitamente iguais os altares do Senhor Crucificado e de Nossa Senhora do Rosário. É a melhor coisa da igreja: Altos e elegantes com as cimalhas reclinadas sobre as banquetas, com colunas e camarins e cobel1os de ornatos de talha leve mas graciosa, estilo D. João.
O do Rosário, além da imagem da titular tinha a de Santa Ana e da Senhora das Graças. Nas duas galerias e metidas nas paredes entre arcos de pedra ficaram os altares de Santo António e do Mártir S. Sebastião, sem camarins e com as imagens dos seus titulares. Também estes foram mais tarde substituídos, deles restando apenas os arcos.
(Nada mais é dito neste momento sobre os outros altares, porque inexistentes nesta data, 1910).
Referências aos outros altares: Em 21 de Abril de 1908, o abade comprou a imagem de Nossa Senhora de Lurdes e tratou de se fazer um altar novo da Senhora de Lurdes com certeza.
Do altar de Nossa Senhora de Fátima não há notícia mas com certeza é posterior às aparições de Fátima).

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ALTARES
Os do mártir S.Sebastião e Santo António também sofreram reparos de vários visitadores.
Até que em 1874 foram os seus retábulos retirados e substituídos pelos actuais. Ficou obra muito imperfeita.
As molduras e a talha cobriam as pinturas e os frescos presentemente restaurados.



Dos escritos e memórias paroquiais

ATM

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