quarta-feira, 2 de maio de 2007

Residência Paroquial de Caldas de S. Jorge

O blogspot recebeu para publicação o seguinte contributo para a história de S. Jorge, que foi enviada pelo Exmo. Sr. Padre António Machado.

Desconhece-se a data da sua construção primitiva.
Há um historial da sua construção primitiva e posteriores transformações existentes no Arquivo Paroquial e que segue em anexo.
A construção e entrada ao ao serviço da actual residência data de 1908.
Em 1954 sofreu novas alterações.
Neste momento está a comunidade paroquial num esforço de conservação da mesma enquanto não se constrói uma nova residência de raiz dentro do âmbito da reformulação dos espaços urbanísticos envolventes à Igreja, Cemitério, Centro Social Paroquial, Junta de Freguesia, Parque Desportivo, Posto Médico e Residência Paroquial.
Desconhece-se a data da construção da residência paroquial antiga.
Todavia seria uma residência antiquíssima.
Não há dela fotografia.
Existe, porém, uma lembrança e esboço descritivo elaborado pelo P. José Inácio da Costa e Silva, Pároco de Caldas de S. Jorge desde 7 de Maio de 1906 a 24 de Janeiro de 1936 (30 anos de Pároco) que diz o seguinte: " Tenho pena de não haver mandado tirar fotografia dela, o que seria para mim uma lembrança preciosa; mas a pequena distância de 24 anos, tenho ainda na lembrança a sua planta e suas repartições e poderia se fosse um bom desenhista, passá-la tal e qual para o papel.
Privado desses recursos para isso vou tentar descrever com palavras a velha casa dos antigos abades. Um portal largo, com uma velha e deteriorada porta, dava entrada para um largo pátio. Esse portal erguia-se pouco mais ou menos no sítio onde está o actual (entretanto já alterado) . À esquerda e alinhar com ela, a também casa da Fábrica da Igreja ou Tulha. Parede a vedar o pátio; e sobre o lado norte, uma larga ramada. No fundo e a enfrentar com a entrada uma escadaria que dava para uma varanda de madeira, que corria em volta da casa pelos lados poente e norte. Não tinha cobertura; e dela em tempos idos descia um passadiço para a sacristia. O primeiro andar tinha os seguintes compartimentos: no fim da varanda em frente da Igreja entrava-se para uma sala pequena, onde os párocos tinham o seu escritório. Pegado havia um desdobramento da casa para o nascente com dois cubículos, num dos quais estava a retrete e no outro os arquivos paroquiais e da Junta desordenadamente espalhados no soalho. Do escritório descia-se por um degrau para a outra sala que servia de quarto de dormir “ dos párocos e tinha duas janelas, uma para a varanda e outra para o quintal.
Desta passava-se para outra sala grande, a maior da casa.
Servia de sala de visitas e de sala de jantar.
Tinha janela para o quintal e porta para a varanda.
Por um degrau descia - se para outra sala que era o refeitório particular dos párocos. Tinha porta e escada para o quintal. Seguia-se um desdobramento da casa para o poente ao lado da varanda e nele ficavam: o quarto do môço e uma sala grande.
Do refeitório passava-se para a cozinha por outra porta. Ficava ela do outro lado do desdobramento da casa. Dela descia-se para o quinteiro. Nos baixos havia lojas e currais. Fora do portão do pátio havia uma passagem para o quinteiro do pároco e neste as portas das lojas e dos currais. Estava separado do caseiro por uma grande parede com porta. Do lado Sul deste quinteiro e pegado a ele o curral do gado. Tinha saída para o caminho do Falgar por umas portas fronhas. Eis a casa antiga.
Pensou-se então recorrer à freguesia para que todos dessem conforme as suas contribuições, marquei quatro côngruas a cada paroquiano; no fim de 1907, a Junta e os dois Alves andaram pela freguesia concordando todos em darem as quantias pedidas. Contando com esta aquiescência, já em Agosto deste ano se tinham comprado e cortado pinheiros, principiando a serração.
Em Fevereiro de 1908 foi contratada a obra de pedreiro.
Em 9 de Março mudei tudo para a casa da Deveza, que D. Luísa me cedeu para habitação. Em 10,11 e 12 de Março andaram os carpinteiros a retirar a telha e a deitar abaixo a armação, taipas, forros, soalhos, portas, travejamento, etc. sendo tudo isto removido para o pátio.
Em 1914 andaram as mulheres a retirar a caliça.
Em 16 de Março e seguintes vieram os pedreiros demolir as paredes e a aprontar a esquadria.
Em Abril principiaram as novas paredes.
Em princípios de Setembro foi a obra cravejada.
Em começos de Outubro foi assente a armação e posta a telha.
Em Novembro foi tratada a obra de carpinteiro.
E no princípio de Dezembro começaram eles a trabalhar. E os trolhas a fazer beirais, cumes, etc. –
Em 1909 com alguns intervalos, todo o ano andaram os carpinteiros na obra do tracto, terminadas em Dezembro.
A chaminé foi levantada em Junho.
E as duas escadarias foram assentes em Junho e Agosto.
O Dr. Magalhães conseguiu novo subsídio de 190.000.
Mas faltava muito dinheiro para ser concluída a obra; e por isso chamei os principais proprietários e capitalistas da freguesia e pedi-lhes um novo sacrifício.
Consegui 228.000.
Em 1910 em princípios de Maio começou a obra de trolha, terminando em fim de Agosto. Em Setembro fizeram-se os últimos trabalhos: lareira e peal, forno, banca, cabides, retretes, etc.
Depois foi a casa varrida e lavada.
E no fim do mês estava a casa pronta para receber o seu novo inquilino.
Levou dois anos e mais a construção.
Dispendeu-se com ela 1.308.315. Recebi para ela 1.015.000.
Fiquei com um déficit de 293.314".
Passou a ser habitada no dia 3 de Outubro de 1910, dia de segunda-feira.
A 5 de Outubro é imposta a República.
Com a República foi tomada a residência e o Passal.
O Pároco passou para a Deveza.
Em seguida é a residência arrendada foi Manuel Aves que tomou o arrendamento da residência e Passal. Tudo 25.100.
Fez-se nela o almoço da visita pastoral de 1915.
Bem como 2 Missas Novas.
Em 1914 - 1917 passou a ser escola primária.
Ficando assim vários anos.
Em 1939 o novo Pároco Delfim Augusto Guedes continuou a pagar renda pela residência paroquial.
Em 4 de Dezembro de 1943 entrou um novo Pároco P. João G. Marinheiro que deve ter continuado com idêntica situação.
( Em 1950 entrou outro Pároco P. António Correia Pinto Guimarães que esteve à frente da paróquia de Caldas de S. Jorge de 1950a 1978 (28 anos).
Foi durante este período que se realizou a reorganização da residência e Passal pois foram feitas obras no ano de 1954 conforme projecto e memória descritiva em anexo.
Aparecem as datas:
Na frente da residência: 1908
Obras de restauro da residência 1954

Residência Paroquial actual em arranjos

Das Memórias Paroquiais
ATM

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