terça-feira, 12 de junho de 2007

Heróis que sempre recordamos...

Heróis da nossa Vila
que sempre recordamos…


Aqui vai a história da vida do Padre Júlio de Arcozelo
contada e escrita por João Alecrim da família do Costeiro – Arcozelo.

Este Padre Júlio tinha vários irmãos.
A mãe destes, tendo perdido as faculdades mentais, deitou-se três vezes a afogar, mas da última vez ninguém a viu atirar-se, por isso morreu.

Então senhor Manuel Alves da Silva do Engenho, tendo-a visto a boiar na água, atirou-se ao rio e tirou-a para a ribeira pequena, contra a vontade de seu pai, que não queria que lhe tocasse sem vir o delegado de saúde, mas, como estava uma cheia a querer trepar a ribeira, o filho insistiu e tirou-a para fora.

Mais tarde, um filho desta mulher (o tal Padre Júlio), que tinha sido rejeitado pela mãe, em criança, pois ninguém sabia da existência dele, nem do nome da mãe, tendo sido protegido por uma família da Maia, que o teve por criado, ordenou-se Padre.

Era este o Padre Júlio, tesoureiro da Câmara Eclesiástica e foi ele que veio dar a posse ao Padre José Inácio da Costa e Silva, mandado pelo Bispo D. António Barroso.
( Apresentado pároco de S. Jorge em 27 de Maio de 1905
e nela colado em 2 de Maio de 1906
tomando posse em 7 do mesmo mês e ano.
Foi aposentado por despacho de 24 de Janeiro de 1936.)

Este Padre Júlio pediu, nessa altura, ao Abade para o apresentar ao homem que tirou sua mãe do rio, homem que ele desconhecia e, dando-se a conhecer, abraçou-se e agradeceu-lhe essa acção.

Eu cheguei a falar diversas vezes com este Padre Júlio, no paço quando ia receber uma pensão que davam ao meu irmão Padre Crispim.

O Padre Júlio parece que era muito conhecedor da língua inglesa, e, talvez por ir praticar a mesma língua n Reino Unido, na ocasião da I Grande Guerra viajou de Inglaterra para Portugal num barco que os alemães meteram ao fundo.

Como a viagem era perigosa, o Padre Júlio prostrou-se de joelhos com os passageiros, mas houve um que não tinha fé, e por isso não ajoelhou, e em vez de pedir a protecção de Deus, conservou-se de pé, com o chapéu na cabeça, preferindo algumas blasfémias.

De repente, enquanto o Padre Júlio rezava com os outros passageiros, veio um torpedo alemão e fez descobrir o homem ( foi-lhe o chapéu pelos ares!..) que não quis participar na oração dos outros.

Nessa altura disse-lhe um companheiro:
-- Então agora já não sois descrente?
E ele, prostrado e já de joelhos disse:
-- A hora aperta; agora já não se pode ser ateu !

Daí por um momento veio outro torpedo que meteu o barco ao fundo, mas todos se salvaram.

O Padre, depois de ter andado a flutuar na água e sendo o trabalhador na salvação dos outros, salvou-se também.

Este padre era muito moreno e tinha uma boa dentuça natural formada por dentes bastante cumpridos.

Dos Escritos de João Alecrim de Arcozelo

Agradeço informações e comentários

ATM

2 comentários:

Anónimo disse...

lembra José Pinto da Silva

Já agora que estamos em tempo de lembranças, será de referir o Cónego João Grilo, que foi de Arcozelo e, já perto do fim da vida esteve como Reitor do Congregados no Porto. Infelizmente não tenho nada registado da imagem ou biografia. Lembro-me dele ainda.

Anónimo disse...

Já está pronto.
Sai logo que possa!