 s é que se empenham verdadeiramente na apreensão de conhecimentos, enquanto outros acabam por pedir a familiares ou amigos que lhes façam os "deveres" que são depois apresentados como da lavra de cada qual.
s é que se empenham verdadeiramente na apreensão de conhecimentos, enquanto outros acabam por pedir a familiares ou amigos que lhes façam os "deveres" que são depois apresentados como da lavra de cada qual.Foi há tantos anos! Tinha ele saído do Seminário onde completara o quinto ano. Todos diziam, e sentia-se, que os alunos do Seminário estavam, em média, alguns degraus acima dos equivalentes dos liceus. Mas os programas não eram coincidentes, de modo que, oficialmente, a habilitação certificada pelo Seminário era igual à quarta classe.
Queria ele, o relatado, concorrer a uma vaga numa empresa de seguros, mas os pré requisitos do concurso exigiam a exibição de certificado do quinto ano oficial. Um requerimento urgente e quase pungente ao Ministério da Educação a pedir a certificação de equivalência, porque havia uma chance que lhe fugiria, apesar de achar que tinha preparação que competia, com vantagem, com a oficial.
Veio o papel – ainda o tem e emoldurado – a certificação da equivalência, mas em caixa destacada dizia que era VÁLIDA SÓ PARA EFEITO DE PROVIMENTO DE CARGO PÚBLICO. Significava isto que poderia assumir o emprego, mas, se quisesse continuar a estudar no ensino oficial, teria que submeter-se ao exame do segundo ano e, sentindo-se preparado, ao do quinto ano e continuaria depois. Este um caso concreto que tem, naturalmente muitos anos e que agora se não poria porque os programas coincidem.
Como é diferente agora! A propósito da Certificação das competências no âmbito do Programa Novas Oportunidades, programa que é, no essencial, de utilidade, porque leva durante algumas semanas, ou meses, para o interesse por coisas de aprendizagem uma quantidade de pessoas que, normalmente ou estava totalmente alheada dos livros e das leituras ou se limitava a folhear os jornais desportivos e a ler as "gordas" nos informativos gerais.
É inegável que todos, uns mais do que outros, até pela diversidade de habilitação académica e de carreira profissional, apreendem coisas novas, sendo que a incidência bate sobretudo na utilização do computador. Ainda que, os iniciados, não consigam sair da iniciação. Será um despertar de interesse, se tiverem computador em casa.
Mas o que acontece é que, ao fim dessas semanas, ou meses, com um encontro/lição de cerca de uma hora semanal (às vezes um pouco mais) e passado como gato por brasas por muitos dos temas propostos, os "alunos" recebem um certificado – até aqui do nono ano – que não só os habilita a concorrer a provimento de lugares que exijam o nono ano, como lhes permite, se assim o entenderem, prosseguirem os estudos entrando para o décimo e seguintes, ou mesmo tentarem directamente o décimo segundo, após o que se podem candidatar a ingresso no ensino superior. E, se aí, não imagino que condições lhe poderão ser proporcionadas para prosseguir o estudo.
Coloquemo-nos agora na posição dum(a) jovem de 14/15 anos que, na escola, procura obter o 9º. Ano. Corre um ano todo para a escola, às vezes longe que é terrível, carregando uma mochila com peso desaconselhável, com dias de chuva e frio, com cerca de uma dezena de disciplinas para estudar e de que tem de prestar contas e provas e, quantas vezes, depois de tudo isso, eventualmente sem a intensidade de estudo preciso, uma boa percentagem de estudantes chumba e repete. Mesmo chumbando, será que não têm muito melhor bagagem do que os que obtiveram a certificação de competências?
São situações diferentes, dirão. Claro que são, mas os certificados têm os mesmos efeitos. Se os adultos se suportam muito no seu trajecto de vida familiar ou profissional, então que a certificação tenha validade para efeitos de documentar acesso a emprego, ou mesmo para ver alguma melhoria de posição no emprego que já tenha. E aí, o acréscimo de algum conhecimento científico (noção de matemática, iniciação nas tecnologias informáticas, melhorias na capacidade de leitura e interpretação de textos, etc.) ajudaria sobretudo a interiorizar melhor novas técnicas profissionais e a valorizar-se na sua profissão ou, até, avançar para uma nova actividade, se a aprendizagem lhe acendeu alguma luz.
É de todos sabido que, mesmo assim, só alguns é que se empenham verdadeiramente na apreensão de conhecimentos, enquanto outros acabam por pedir a familiares ou amigos que lhes façam os "deveres" que são depois apresentados como da lavra de cada qual.
Claro que as aulas para a certificação têm, pelo menos, utilidade de levarem pessoas a um contacto mais próximo das letras e leituras durante aquele tempo e, muitos, iniciam ou reatam o hábito de alguma leitura. Mas não muito mais que isso.
Diz muita gente e, é-se levado a concordar, que estas certificações melhorarão sobretudo as folhas estatísticas do país. Que melhorarão ainda com as certificações do décimo segundo. E a aculturação geral melhorará na proporção?
Queria ele, o relatado, concorrer a uma vaga numa empresa de seguros, mas os pré requisitos do concurso exigiam a exibição de certificado do quinto ano oficial. Um requerimento urgente e quase pungente ao Ministério da Educação a pedir a certificação de equivalência, porque havia uma chance que lhe fugiria, apesar de achar que tinha preparação que competia, com vantagem, com a oficial.
Veio o papel – ainda o tem e emoldurado – a certificação da equivalência, mas em caixa destacada dizia que era VÁLIDA SÓ PARA EFEITO DE PROVIMENTO DE CARGO PÚBLICO. Significava isto que poderia assumir o emprego, mas, se quisesse continuar a estudar no ensino oficial, teria que submeter-se ao exame do segundo ano e, sentindo-se preparado, ao do quinto ano e continuaria depois. Este um caso concreto que tem, naturalmente muitos anos e que agora se não poria porque os programas coincidem.
Como é diferente agora! A propósito da Certificação das competências no âmbito do Programa Novas Oportunidades, programa que é, no essencial, de utilidade, porque leva durante algumas semanas, ou meses, para o interesse por coisas de aprendizagem uma quantidade de pessoas que, normalmente ou estava totalmente alheada dos livros e das leituras ou se limitava a folhear os jornais desportivos e a ler as "gordas" nos informativos gerais.
É inegável que todos, uns mais do que outros, até pela diversidade de habilitação académica e de carreira profissional, apreendem coisas novas, sendo que a incidência bate sobretudo na utilização do computador. Ainda que, os iniciados, não consigam sair da iniciação. Será um despertar de interesse, se tiverem computador em casa.
Mas o que acontece é que, ao fim dessas semanas, ou meses, com um encontro/lição de cerca de uma hora semanal (às vezes um pouco mais) e passado como gato por brasas por muitos dos temas propostos, os "alunos" recebem um certificado – até aqui do nono ano – que não só os habilita a concorrer a provimento de lugares que exijam o nono ano, como lhes permite, se assim o entenderem, prosseguirem os estudos entrando para o décimo e seguintes, ou mesmo tentarem directamente o décimo segundo, após o que se podem candidatar a ingresso no ensino superior. E, se aí, não imagino que condições lhe poderão ser proporcionadas para prosseguir o estudo.
Coloquemo-nos agora na posição dum(a) jovem de 14/15 anos que, na escola, procura obter o 9º. Ano. Corre um ano todo para a escola, às vezes longe que é terrível, carregando uma mochila com peso desaconselhável, com dias de chuva e frio, com cerca de uma dezena de disciplinas para estudar e de que tem de prestar contas e provas e, quantas vezes, depois de tudo isso, eventualmente sem a intensidade de estudo preciso, uma boa percentagem de estudantes chumba e repete. Mesmo chumbando, será que não têm muito melhor bagagem do que os que obtiveram a certificação de competências?
São situações diferentes, dirão. Claro que são, mas os certificados têm os mesmos efeitos. Se os adultos se suportam muito no seu trajecto de vida familiar ou profissional, então que a certificação tenha validade para efeitos de documentar acesso a emprego, ou mesmo para ver alguma melhoria de posição no emprego que já tenha. E aí, o acréscimo de algum conhecimento científico (noção de matemática, iniciação nas tecnologias informáticas, melhorias na capacidade de leitura e interpretação de textos, etc.) ajudaria sobretudo a interiorizar melhor novas técnicas profissionais e a valorizar-se na sua profissão ou, até, avançar para uma nova actividade, se a aprendizagem lhe acendeu alguma luz.
É de todos sabido que, mesmo assim, só alguns é que se empenham verdadeiramente na apreensão de conhecimentos, enquanto outros acabam por pedir a familiares ou amigos que lhes façam os "deveres" que são depois apresentados como da lavra de cada qual.
Claro que as aulas para a certificação têm, pelo menos, utilidade de levarem pessoas a um contacto mais próximo das letras e leituras durante aquele tempo e, muitos, iniciam ou reatam o hábito de alguma leitura. Mas não muito mais que isso.
Diz muita gente e, é-se levado a concordar, que estas certificações melhorarão sobretudo as folhas estatísticas do país. Que melhorarão ainda com as certificações do décimo segundo. E a aculturação geral melhorará na proporção?
José P. da Silva in terras da feira-online
 
 
 
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