quinta-feira, 26 de julho de 2007

A fantástica década de 90...

Vamos ficando mais velhos. Digo isto como quem se confessa. Começamos a perceber que, mesmo não querendo, o nosso corpo dá mostras de cansaço nas noites mais longas.
Mesmo os pequenos nadas com que nos deslumbrávamos começam a ser, cada vez mais, uma miragem.
Os dias e, principalmente as noites, ficaram mais curtos. Passaram entre 10 e 15 anos, e estamos em Julho de 2007. Julho de 2007? Já?
O trabalho e as preocupações com a casa ocupam-nos a maior parte do tempo. Em determinados momentos, damos até por nós a ter atitudes mais conservadoras. Dizemos coisas do tipo "... no meu tempo é que era...", o que, em certa medida, até se poderá considerar perigoso.
Mas, mesmo assim, e tendo em conta esse risco de repetir muitas vezes "no meu tempo é que era", vou falar-vos um pouco dessa fantástica década de 90.

Para muitos, as notas do décimo segundo eram o pronuncio de que, feliz ou infelizmente, o final de Agosto estava aí à porta e era tempo de arranjar um emprego que permitisse assegurar o compromisso mensal da quota do Seat Ibiza cinzento metalizado (ou do Renault Clio "de dois lugares"). Seria esse meio de transporte que nos levaria, futuramente, a percorrer os mais diversos recantos de "diversão" e a assumir a (quase) verdadeira independência paternal (quase porque era só em teoria).
Para outros, era tempo de recarregar baterias e das alucinantes noites de insónia na incerteza do ingresso na desejada universidade.
Deixara-mos de ser putos fazia algum tempo.
- Os dois dígitos que carregam os dezoito, têm uma magia especial: a malta julga-se verdadeiramente autónoma, parece ter o mundo aos seus pés, qui çá, para o moldar à sua própria imagem.
Não demorará muitos anos a perceber que não é bem assim. Mas, em todo o caso, não é isso que importa por agora.
Dizia eu que essa fantástica década de 90, foi repleta de peripécias, umas agradáveis, outras nem por isso (a diferença está em que as primeiras foram em muito maior número).
Foram tempos em que a malta dispunha de algum do seu precioso tempo na defesa de algumas causas, entre elas, a ambiental, a associativa, a política (embora esta com menos adeptos), a musical, enfim, por aí fora.
Quem não se lembra das lutas contra a poluição no Uíma, contra o abate de árvores na freguesia, contra as podas desenfreadas dos plátanos do parque? Quem não se lembra dos registos videofotográficos do rio, desde as "suas nascentes" até às ribeiras? Quem não se lembra do trabalho nas noites geladas a preparar o desfile no Carnaval? Quem não se lembra do saudável "combate" artístico que as pinturas de mensagens políticas no alcatrão proporcionavam?
Quem não se lembra ainda das "excursões" ao velho estádio de Alvalade para assistir aos memoráveis espectáculos dos U2 (ZooTV Tour), dos Dire Straits ou ainda dos sempre fantásticos concertos de música moderna portuguesa?
Sinto alguma nostalgia ao recordar esses tempos. Tempos das festas do chantily, das festas na relva, tempos da organização de campos de trabalho nacionais, tempos de noites de canções e guitarradas no saudoso México Bar, tempos de churrascadas ali p'rós lados da ponte dos candeídos.
Tudo era feito com militância (essa palavra cada vez mais em desuso) e, acima de tudo, impregnado de paixão.
Mas a malta vai ficando mais velha. Por isso, esses tempos já lá vão. Podem não ter representado muito para o actual dia-a-dia da nossa freguesia. Podem até não ter servido de nada. No entanto, quero-vos assegurar que permitiram, quanto mais não seja, para o aprofundar das nossas raízes enquanto cidadãos e pensar, nem que fosse, por breves instantes que, afinal de contas, todos nós, sem excepção, podemos e devemos contribuir para o pulsar de Caldas de S. Jorge.
É isso que se espera de todos, e principalmente, das novas gerações. Para que, cada um, e à sua maneira, possa viver a sua fantástica década de 90…

atento73

9 comentários:

Anónimo disse...

Como sempre mais um grande registo.
cumprimentos

Anónimo disse...

Concordo que os jovens participem mais nos movimentos associativos e eventos da freguesia. mas tambem acho que atualmente existe muita juventude activa veja-se os escuteiros, inquietos, futebol, etc

Anónimo disse...

O PESSOAL
ANDA MUIITO CALMO. NINGuEM RASGA.

Anónimo disse...

1973 a 1990, 17 anos era muito rasgo.........

Anónimo disse...

A Juventude… Esta idade fantástica, tão fantástica que a maioria dos jovens se esquecem que carregam nas costas a responsabilidade do futuro! Contra mim falo… Confesso que muitas vezes me esqueço, mas também posso dizer que muitas vezes me lembro. E valha-me isso ao menos para relembrar alguns colegas alienados do mundo que podem contribuir com algum do seu espírito tão crítico para fazer alguma coisinha… Mas raramente me levam a sério, não têm tempo nem disponibilidade principalmente se tocar no assunto política… “O quê?? Eu, na política? Não me quero meter nisso, são todos um bando de vigaristas.”. E é neste momento que costumo desistir. Preocupa-me este “lavo as minhas mãos como Poncio Pilatos”, esta falta de vontade, esta falta de um ideal que os mova e os faça contribuir com o pouco que podem para tentar melhorar esta nossa sociedade cada vez mais cansada, saturada e corrompida. Contribuir com ideias, com o espírito de quem quer atingir um ideal utópico, nem que não nos levem a sério porque somos jovens. Mas pensemos que temos o benefício da juventude para sonhar, para ter ideias e ideais que a uma pessoa mais velha diriam ficar ridículo. E juntemo-nos aos mais velhos, suguemos-lhes tudo aquilo que têm para ensinar e tenhamos a audácia de aprender, de escutar, observar, estar atento, e, acima de tudo, tenhamos a consciência de que ainda não temos bagagem suficiente para caminhar sozinhos.

Fatima Oliveira

Anónimo disse...

Mensagem com muito sentido. Tanto a do atento como a da Fátima Oliveira.

Anónimo disse...

Muito bem Fatinha! é de jovens como tu que a nossa sociedade carece...Hà muito quem critique mas muito poucas pessoas disponíveis para inovar...E quando se tenta fazer o que quer seja, temos meia freguesia a "cortar na casaca" e a fazer de tudo para que as iniciativas levadas a cabo não tenham sucesso (em vez de participarem)...Mas ignoremos, e vamos continuar a sonhar, porque "O SONHO COMAMDA A VIDA".

Mas é fundamental não esquecer caros COLEGAS que não basta sonhar é imprescindível implementar...

E vocês, excelentissimos membros da junta de freguesia acreditem nas capacidades dos nossos jovens, apoiem os nossos projectos... ou será necessário pertencer ao grupo de jovens ou aos escuteiros para se ter alguma credibilidade!!??

Anónimo disse...

Onde se pode consultar ou ver esse levantamento videofotográfico do rio?

Anónimo disse...

Pinto da Silva:

O comentário da Fátima Oliveira (gostava de ter a certeza de que é quem eu penso)tem muito conteúdo. E vou salientar o que fala da reacção dos jovens, o mais das vezes os mais válidos, dizem quando se lhes fala em intervenção de cariz político. Todos os actos tem algo de politico e se forem actos colectivos, bem mais. Mas quem está disponível para ser, depois, criticado, caso entre na governança da autarquia, por ex.?
Claro que é mais cómodo passar a lupa pela freguesia, por pontos vevrálgicos, evidenciar o que não esteja bem ou ao gosto de quem evidencia e, pumba! porrada nos malandros dos autarcas.
Já agora, seja dito que programa elaborado por jovens, ou outros, não recebeu nenhum apoio da Junta?