Renovação da PSP. Cerimónia do " Compromisso de Honra"...

Maria Cardoso a primeira mulher que foi militar e agora polícia das caldas de S. Jorge

O efectivo da PSP apenas será reforçado com novos agentes em 2010. Este hiato já era conhecido mas ontem, dia em que se formaram os últimos 994 agentes, ganhou força e levou o próprio director nacional da PSP a mostrar-se preocupado. Ao JN, Orlando Romano admite que o facto de não haver cursos em 2008 e 2009 "cria uma situação desconfortável" na Polícia. Mesmo assim, sustenta que a gestão da instituição pode ser possível com a racionalização prevista pelo Governo.

Até 2010, muitos daqueles que estão actualmente a exercer funções administrativas passarão para a actividade operacional e deixam assim lugar vago para civis, que deverão começar a ser contratados. A Escola Prática de Polícia, em Torres Novas, despediu-se ontem de 994 novos agentes, 74 dos quais são mulheres. Foram os últimos a ocupar as instalações que durante os próximos dois anos apenas irão acolher cursos que permitem a progressão de carreiras. Em 2009, haverá novo concurso, mais um curso de nove meses e apenas em 2010 sairão para a rua novos agentes.

Segundo o director nacional da PSP, no âmbito da reestruturação das forças de segurança e no caso concreto da PSP, "deverão ser libertados entre 700 a 800 polícias que actualmente estão com funções administrativas e que passarão a desempenhar funções operacionais". Orlando Romano lembra ainda que o curso que ontem terminou formou 994 agentes, "um número acima da média, já que anualmente saem da escola cerca de 500". "Estes novos agentes formados agora e os que serão libertados de funções administrativas vão ajudar a diminuir o impacto da falta de novos policias", disse o responsável.

O director nacional da PSP conhece a carência de efectivos em alguns locais, destacando que a prioridade agora é reforçar os Comandos Metropolitanos de Lisboa e Porto e também Setúbal. Daí que entre a transferência normal de agentes e estes novos 994 polícias agora formados, a capital ganhará 430 agentes, o Porto ficará com mais 298 e Setúbal com 132. A nova movimentação, pedida pelos agentes, está prevista para Janeiro permitirá o reforço de outros comandos da PSP.

Apesar de preocupado, Orlando Romano mostra-se optimista com a reestruturação e por isso desdramatiza as críticas que têm sido feitas pelos vários sindicatos da Polícia.

Ontem, em Torres Novas, estavam alguns representantes dos sindicatos dos Agentes (ASG), dos Profissionais de Polícia (SPP) e da Associação Sócio-Profissional dos Polícias (ASPP) que continuam a fazer ouvir as suas críticas. Mostram-se preocupados com o envelhecimento do efectivo e garantem que este "é diminuto para o combate ao crime". "Lamentamos que o investimento na Polícia vá parar", disse Peixoto Rodrigues, da ASG, frisando que o sindicato "já demonstrou a sua preocupação".

Na Assembleia da República esta questão também sido levantada por diversas vezes.

Agentes com formação através da Internet

O ministro da Administração Interna voltou a garantir, ontem, em Torres Novas, que a formação das forças de segurança continua a ser uma prioridade para o Governo. Segundo Rui Pereira, o MAI "está a ultimar uma plataforma de aprendizagem", que assenta na Internet, destinada à formação inicial e contínua dos membros das forças de segurança. "Pretendemos desta forma, criar um novo modelo de aprendizagem, rompendo com as tradicionais amarras circunstanciais de tempo, lugar e modo", justificou o ministro.

Na cerimónia do "compromisso de honra" dos novos 994 agentes da PSP, Rui Pereira explicou que a intenção do Governo é passar a dar formação comum à GNR e à PSP, tendo sido criados grupos de trabalho para reformular os planos de estudo dos vários cursos de formação das duas forças, mas mantendo o cariz civil da PSP e o militar que marca a GNR.

O ministro falou ainda da iniciativa governamental "Novas Oportunidades", que pretende validar a formação e qualificação no seio das forças de segurança. Desta forma, salientou Rui Pereira "será viável atribuir os graus do 9º e 12º ano de escolaridade, garantindo a continuação do percurso escolar a todos os interessados".

E para que não restem dúvidas sobre a importância que o Governo dá à formação, o ministro lembrou que em Torres Novas foram já formados 24949 agentes e ministrados mais de 40 cursos de formação que "são exigentes e que nem todos terminam". A prova do grau de exigência está nos 5413 candidatos ao curso de agentes, dos quais apenas foram seleccionados 1049, e apenas 994 o terminaram.

Ass: Ângelo Cardoso.