O seguro é que o concelho vai ser dotado de um novo estabelecimento escolar e não seria preciso ser muito astuto para se prever que cairia na Feira. Há muito que se grita que os investimentos públicos limpos e que, independentemente da actividade, arrastam pessoas e, com elas, o crescimento de valor no local de implantação, são levados sempre para a sede. Do concelho. Claro que, porque assim é, a sede cresceu e desenvolveu-se mais nos últimos 20/30 anos do que desde o início da nacionalidade. O privado investiu muito, diz-se, e bem mais do que o público. É evidente. O comboio tem uma data de carruagens que são a essência do meio, mas o importante é a locomotiva. E para este investimento e desenvolvimento, a iniciativa pública é a locomotiva. E esta locomotiva perdeu os trilhos do concelho. Os trilhos foram mesmo arrancados.
De há muito que se fala que a população escolar excede a capacidade de albergue dos estabelecimentos existentes, mas, c’os diabos, a Feira/Sede já tem duas EB 2/3 e uma Secundária, pelo que seria, no mínimo, uma nota de solidariedade desviar o novo investimento para as imediações, onde servisse de pólo de crescimento e desenvolvimento.
Quando surge a chance de um investimento privado com subsídio, ou público, mas que pode trazer agarrado algum risco de conspurcação de ambiente sonoro, visual ou risco de poluição freática ou superficial, aí tudo bem (mal) os poderes decisórios sopram a pluma para o largo e para quanto mais longe melhor.
Ainda há bem pouco tempo se discutiu, e com alguma emoção/contestação, a decisão camarária feirense de colocar na Quinta da Lage o Parque de Recolha e Transformação de Sucatas (chame-se-lhe PERM ou qualquer outro nome) e, para justificar a localização, a Câmara defendeu e fez espalhar, e a Assembleia Municipal fez outro tanto, que se tratava de investimento portador de grande acréscimo de valor para a zona de implantação e que não haveria qualquer risco de contaminação das veias freáticas e que nenhuma hipótese haveria de afectar a linha de água que dá pelo nome de Uima, que os mesmos dizem (da boca para fora) querer preservar e alindar. Ninguém acreditou, claro, porque coisa assim boa nunca deixaria de ficar lá por baixo, nem que fosse nos terrenos da (imaginada) expansão do Europarque, onde se previa instalar uma fábrica de painéis fotovoltaicos.
É convicção generalizada de que a população mais a nascente do concelho, incluindo a de Pigeiros e mesmo a autarquia, aceitaria dispensar o PERM por troca com a Escola EB 2/3 mais Secundária. E até ficaria bem situada e bem poderia acolher a população estudante do sul do concelho. A mobilidade agora é invocada para tudo, pelo que bem poderia aplicar-se também nas escolas. Porque não? E alguém estará convencido de que os estudantes que, visto isso, entopem as escolas da Feira são todas da freguesia da Feira e das “urbanas” ali encostadas? Há muita gente de outras freguesias que estão nessas escolas. Far-se-ia a mobilidade. Lucraria o concelho.
♦ José Pinto da Silva
In Terras da Feira Online.
1 comentário:
Os meus parabéns!
È uma chamada de atenção perspicaz, astuta e acima de tudo incomodativa.
Talvez tenha chegada a altura de repensar o conselho e as pessoas que o dirigem!
Todo o cidadão é moldado por vários items, mas a educação e a saúde são de certeza os mais importantes.
Àguia Atenta
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