sexta-feira, 2 de maio de 2008

Cultura: Autarquias desperdiçam dinheiro com o amadorismo - Carlos Martins

O coordenador do Estudo Estratégico sobre as Indústrias Criativas da Área Metropolitana do Porto, Carlos Martins, sustentou hoje que a Cultura é o sector onde as autarquias gastam mal o pouco dinheiro disponível, devido ao amadorismo.

Ao intervir, na madrugada de hoje, num debate sobre "os desafios de uma nova política para a Cultura na cidade e região de Aveiro", Carlos Martins, ele próprio ex-autarca com o pelouro da Cultura na Câmara de Santa Maria da Feira, sublinhou a necessidade de maior profissionalismo nas apostas culturais dos municípios e de articulação à escala intermunicipal.

"É necessário ser profissional a fazer as coisas e a Cultura e o Turismo são os sectores onde há mais amadorismo ao nível municipal. Se há áreas nas câmaras onde se gasta mal o dinheiro é na Cultura", disse.

Salientou ainda que "o erro cometido" no aproveitamento dos fundos comunitários não pode ser repetido à luz do novo quadro comunitário de apoio (QREN) porque este impõe uma lógica diferente, que obriga à articulação intermunicipal.

"Via-se para que é que havia financiamento e depois fazia-se em função disso, seguindo um raciocínio muito pouco criativo e foi assim que se gastou muito dinheiro", sustentou o ex-autarca, dando como exemplo a proliferação de centros culturais sobredimensionados.

"Hoje as soluções criativas são muito mais necessárias porque o QREN é diferente e a competição faz-se em função dos melhores projectos, o que obriga a ganhar escala e a abandonar a lógica paroquial, partindo para um nível supramunicipal em que temos pouca experiência", completou.

Carlos Martins realçou ainda que "falar em cidades criativas não é um chavão e tem a ver com a sobrevivência", sendo a competitividade entre as metrópoles marcada pela capacidade de reter talentos.

Susana Sardo, da Universidade de Aveiro, a outra oradora do encontro organizado pelo projecto "Cidades Criativas" e pelo Teatro Aveirense, elegeu a "Cultura antropológica" como o factor que torna as cidades criativas e afirma a sua identidade.

"É preciso construir a cidade a partir de projectos criativos e isso não deve ser deixado a intelectuais e eruditos que detêm o conhecimento, sendo necessário dialogar com as pessoas nos espaços em que estão a trabalhar", disse.

Embora demarcando-se das correntes do Estado Novo e da visão de António Ferro, Susana Sardo enfatizou a importância da identidade dos territórios e de alguma forma recuperou a ideia do "orgulho" na pertença a uma cidade ou região pela sua cultura antropológica que diferencia cada uma na competição territorial.

"A grande aposta tem de ser encontrada no domínio da cultura antropológica, em diálogo com a cultura erudita", disse.
MSO.
Lusa/Fim

1 comentário:

Anónimo disse...

gastar dinheiro em ranchos e associações de meia tigela, é gastar dinheiro publico nessesário para outras actividades.
Essas associações tem de ser auto suficientes