Bombos, timbalões e caixas de rufo são as principais "armas" de guerra e de paz do WOK, envolvidas neste espectáculo numa estética mais assumidamente futurista. Chega a Santa Maria da Feira a 24 de Maio.
Ano 2223, margem sul do Tejo. À primeira vista, é como se Blade Runner tivesse assentado praça na velha Lisboa, com a ponte em ruínas e uma vegetação selvagem a tomar conta do que resta de edifícios e embarcações. Os sobreviventes são guerreiros, divididos por ódios e medos. Têm nomes como Alkas, Cat, Mae, Dahlia, Fuchsia, Holok, Protero, Shatur, Yur, Zenda, Zoika. E histórias como a de Shatur, que é mudo e é duas pessoas numa só: Sha, que nascera só tronco; e Thur, seu irmão, nascido só pernas. Alguém coseu cirurgicamente as duas partes, fazendo dos dois um só corpo, embora no interior continuem divididos. "Sou dois em um", explica ele, por gestos.
WOK, nome do grupo e também do espectáculo, nasceu do cruzamento dos tambores e das suas sonoridades com uma estética mutante de "forte componente cénica, teatral e também humorística." Deu os primeiros passos com um grupo de jovens em 1999, em Almada, depois de sair do berço. Ou seja, da sede do Tocá Rufar e do Centro de Artes e Ideias Sonoras (CAIS), fundado três anos antes, no Seixal, margem sul do Tejo. Rui Júnior, músico, mentor destes projectos e criador do WOK, é também o autor deste novo espectáculo com um elenco renovado e cada vez mais rodado nos palcos, onde, explicou ele em conferência de imprensa na sede do Teatro D. Maria II, "há uma visão da margem sul sobre Lisboa num cenário pós-apocalíptico. Mas não é pessimista." Pelo contrário. A combinação de tambores, percussões e danças guerreiras hostis abre caminho à formação amistosa de novos clãs. É uma fábula de renascimento humano em forma de drummer tale: "A solidão, o medo e a angústia dão lugar à aceitação e à tolerância. A raiva, a discórdia e agressão cedem perante a confiança e a solidariedade. O vazio, o desespero e a dilaceração renunciam e nasce o grupo, o clã, a pertença."
2 comentários:
A seguir à junta das Caldas a feira é a que mais festas faz.
Bem que podia ser nas Caldas de S, Jorge, pois é muito fixe este espetaculo
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