
Foi cerca das 6,00 horas de sábado, dia 16 de Agosto. Ainda, naturalmente, na cama, ouvi um enorme estrondo nas imediações da minha casa e, em roupa de dentro, vim à porta da rua, a correr, porque senti que poderia ter sido um acidente de carro. Mesmo em frente dois faróis acesos, em posição sobreposta, ofuscavam-me a visão, pelo que, já vestido, corri para o local e, desviado do foco dos faróis, vejo um carro voltado sobre a sua lateral esquerda. Com algum receio me aproximei a imaginar que poderia ver algum(ns) corpo(s) em mau estado.
Logo que cheguei perto uma voz de mulher me chamou e, com o telemóvel na orelha, perguntou-me, oh! Senhor, estou a falar com o 112, mas não sei explicar onde estou para que prestem socorro. Pegue o telefone e indique com precisão onde estamos.
Passou-me o telefone por uma pequena abertura do vidro da porta (as portas, ambas, não abriam e a senhora haveria de ser tirada pela porta de trás) e lá informei com exactidão o nome da rua, do lugar e dei mesmo referência de edifício melhor localizável. Disse que a senhora não tinha sinais aparentes de gravidade, que falava e que só se queixava de uma dor num joelho. Pediram-me o meu contacto e lá o dei. Seriam agora mais ou menos 6,00 horas e 10. Curei de fazer sinais ao que iam passando para que abrandassem, pois o carro estava atravessado na estrada (foi na estrada nacional 223, mesmo na entrada do lugar do Lago e bem junto da fábrica Brincália). Entretanto alguns pararam e foi com a colaboração deles que se fez sair a condutora e única passageira.
Cerca de 15 minutos mais tarde, um pouco antes das 6,00 horas e 30, tocou o meu telefone e disseram-me ser dos bombeiros da Feira. Era uma voz feminina e pediram-me a confirmação da localização que dei com exactidão e confirmei que a senhora se queixava de uma dor num joelho e que tinha um ligeiro hematoma sobre o olho esquerdo, o que a preocupava , não pela dor, mas porque tinha sido submetida a uma cirurgia a esse olho e receava eventuais complicações.
No entretanto, avisada pela GNR da Feira, chegou ao local uma brigada da GNR de Canedo, supondo-se que a GNR da Feira tenha sido avisada lá pelos do 112.
Chegaram também familiares da condutora, por ela própria avisados. Logo se chamou o pronto-socorro para que fosse o carro sinistrado removido.
A GNR fez o seu trabalho de medições e de questionamento e teste de alcoolemia para elaborar o seu relatório e retiveram-se durante um tempo até que, não havendo situação de feridos graves, invocando serviço, foram embora. E entretanto foi passando o tempo e nada de chegarem os bombeiros, porque era preciso que a senhora fosse levada ao hospital, inclusive para se aquele olho teria alguma afectação.
Foi passado o tempo de uma hora e tal que chegou uma ambulância dos bombeiros de Arrifana, a Corporação que cobre o território de Caldas de S. Jorge. Claro que, no entretanto da espera, muitas "bocas" se foram ouvindo a propósito de tanta demora de bombeiros que estão a 5-10 minutos de distância, o tempo que demoraram, segundo nos disseram, desde que receberam a informação.
Resumindo, será de dizer, tão alto quanto um jornal concelhio o possa fazer que sejam centralizadores no inferno que os carregue. Se a chamada ao 112 vai cair a Lisboa, que criem lá uma base de dados (será que já ouviram dizer que há computadores?) que diga que Caldas de S. Jorge é no concelho de Santa Maria da Feira e que são os bombeiros de Arrifana que nos servem e que estamos no âmbito territorial da GNR de Canedo, para que não seja preciso este cruzamento de telefonemas. E assim não sendo, calem esse 112 e informem que cada qual, quando e sempre que preciso, chame os bombeiros mais à mão. Imaginem se estivéssemos perante um caso grave ou muito grave! E se a jovem (era uma moça nova) corresse o risco de vida? Quem haveria de ser acusado de atentado à integridade física ou até de homicídio? Organizem-se, porra!
Caberá dizer que a sinistrada é de Vila Maior, ia para o trabalho (em padaria) e disse que se lhe atravessara um animal na frente e se atrapalhara. O pavimento estava molhado. Não lhe colhi o seu nome nem o dos familiares. Nem precisei. Para nada.
A (des)tempo: Avistámos uma nova modalidade de fazer limpeza em estabelecimento comercial de frequência pública. Normalmente a sujeira que anda pelos pavimentos das casas é aspirado. Vimos num estabelecimento fazer o contrário. A sujeira era "expirada" que é como quem diz que era soprada. E nada a dizer se ficasse tudo em casa. Não. Era soprada para o rio. Não pela quantidade de lixo soprado. Mas pelo princípio tem que ser banida a fórmula. Na circunstância, bem melhor teria sido, soprá-lo para debaixo do tapete, se houvesse, onde estariam agachadas outras porcarias.
♦ José Pinto da Silva (In terras da Online).
2 comentários:
Mas isto é normal.
Estámos em Portugal.
Nada funciona, nem tribunais, nem bonbeiros, nem policias.
Neste caso concreto, o que parece não ter funcionado foi a comunicação entre os que deviam intervir no processo, eventualmente por um exacerbado centralismo. Os bombeiros de Arrifana, disseram, demeraram menos de 10 minutos depois que foram alertados. A GNR não demorou assim tanto. A denúncia destes falhanços é que talvez force algumas melhorias no sistema.
José Pinto da Silva
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