quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Se tivesse sido grave!

Resumindo, será de dizer, tão alto quanto um jornal concelhio o possa fazer que sejam centralizadores no inferno que os carregue. Se a chamada ao 112 vai cair a Lisboa, que criem lá uma base de dados (será que já ouviram dizer que há computadores?)

Foi cerca das 6,00 horas de sábado, dia 16 de Agosto. Ainda, naturalmente, na cama, ouvi um enorme estrondo nas imediações da minha casa e, em roupa de dentro, vim à porta da rua, a correr, porque senti que poderia ter sido um acidente de carro. Mesmo em frente dois faróis acesos, em posição sobreposta, ofuscavam-me a visão, pelo que, já vestido, corri para o local e, desviado do foco dos faróis, vejo um carro voltado sobre a sua lateral esquerda. Com algum receio me aproximei a imaginar que poderia ver algum(ns) corpo(s) em mau estado.
Logo que cheguei perto uma voz de mulher me chamou e, com o telemóvel na orelha, perguntou-me, oh! Senhor, estou a falar com o 112, mas não sei explicar onde estou para que prestem socorro. Pegue o telefone e indique com precisão onde estamos.
Passou-me o telefone por uma pequena abertura do vidro da porta (as portas, ambas, não abriam e a senhora haveria de ser tirada pela porta de trás) e lá informei com exactidão o nome da rua, do lugar e dei mesmo referência de edifício melhor localizável. Disse que a senhora não tinha sinais aparentes de gravidade, que falava e que só se queixava de uma dor num joelho. Pediram-me o meu contacto e lá o dei. Seriam agora mais ou menos 6,00 horas e 10. Curei de fazer sinais ao que iam passando para que abrandassem, pois o carro estava atravessado na estrada (foi na estrada nacional 223, mesmo na entrada do lugar do Lago e bem junto da fábrica Brincália). Entretanto alguns pararam e foi com a colaboração deles que se fez sair a condutora e única passageira.
Cerca de 15 minutos mais tarde, um pouco antes das 6,00 horas e 30, tocou o meu telefone e disseram-me ser dos bombeiros da Feira. Era uma voz feminina e pediram-me a confirmação da localização que dei com exactidão e confirmei que a senhora se queixava de uma dor num joelho e que tinha um ligeiro hematoma sobre o olho esquerdo, o que a preocupava , não pela dor, mas porque tinha sido submetida a uma cirurgia a esse olho e receava eventuais complicações.
No entretanto, avisada pela GNR da Feira, chegou ao local uma brigada da GNR de Canedo, supondo-se que a GNR da Feira tenha sido avisada lá pelos do 112.
Chegaram também familiares da condutora, por ela própria avisados. Logo se chamou o pronto-socorro para que fosse o carro sinistrado removido.
A GNR fez o seu trabalho de medições e de questionamento e teste de alcoolemia para elaborar o seu relatório e retiveram-se durante um tempo até que, não havendo situação de feridos graves, invocando serviço, foram embora. E entretanto foi passando o tempo e nada de chegarem os bombeiros, porque era preciso que a senhora fosse levada ao hospital, inclusive para se aquele olho teria alguma afectação.
Foi passado o tempo de uma hora e tal que chegou uma ambulância dos bombeiros de Arrifana, a Corporação que cobre o território de Caldas de S. Jorge. Claro que, no entretanto da espera, muitas "bocas" se foram ouvindo a propósito de tanta demora de bombeiros que estão a 5-10 minutos de distância, o tempo que demoraram, segundo nos disseram, desde que receberam a informação.
Resumindo, será de dizer, tão alto quanto um jornal concelhio o possa fazer que sejam centralizadores no inferno que os carregue. Se a chamada ao 112 vai cair a Lisboa, que criem lá uma base de dados (será que já ouviram dizer que há computadores?) que diga que Caldas de S. Jorge é no concelho de Santa Maria da Feira e que são os bombeiros de Arrifana que nos servem e que estamos no âmbito territorial da GNR de Canedo, para que não seja preciso este cruzamento de telefonemas. E assim não sendo, calem esse 112 e informem que cada qual, quando e sempre que preciso, chame os bombeiros mais à mão. Imaginem se estivéssemos perante um caso grave ou muito grave! E se a jovem (era uma moça nova) corresse o risco de vida? Quem haveria de ser acusado de atentado à integridade física ou até de homicídio? Organizem-se, porra!
Caberá dizer que a sinistrada é de Vila Maior, ia para o trabalho (em padaria) e disse que se lhe atravessara um animal na frente e se atrapalhara. O pavimento estava molhado. Não lhe colhi o seu nome nem o dos familiares. Nem precisei. Para nada.
A (des)tempo: Avistámos uma nova modalidade de fazer limpeza em estabelecimento comercial de frequência pública. Normalmente a sujeira que anda pelos pavimentos das casas é aspirado. Vimos num estabelecimento fazer o contrário. A sujeira era "expirada" que é como quem diz que era soprada. E nada a dizer se ficasse tudo em casa. Não. Era soprada para o rio. Não pela quantidade de lixo soprado. Mas pelo princípio tem que ser banida a fórmula. Na circunstância, bem melhor teria sido, soprá-lo para debaixo do tapete, se houvesse, onde estariam agachadas outras porcarias.

♦ José Pinto da Silva (In terras da Online).

2 comentários:

Anónimo disse...

Mas isto é normal.
Estámos em Portugal.
Nada funciona, nem tribunais, nem bonbeiros, nem policias.

Anónimo disse...

Neste caso concreto, o que parece não ter funcionado foi a comunicação entre os que deviam intervir no processo, eventualmente por um exacerbado centralismo. Os bombeiros de Arrifana, disseram, demeraram menos de 10 minutos depois que foram alertados. A GNR não demorou assim tanto. A denúncia destes falhanços é que talvez force algumas melhorias no sistema.

José Pinto da Silva