sexta-feira, 20 de março de 2009

COMENTÁRIO DO DIA...

A crise não é só em Santa Maria da Feira. Aliás, existem estudos que comprovam que a região do país que mais afectada (em termos de desemprego) ficou com a actual crise financeira, foi a do Vale do Ave. Por isso o problema é nacional, e mais preocupante que isso internacional.
Contudo, e sem querer tomar qualquer tipo de ideologia politica, parte dos despedimentos são causados pela legislação implementada pelo actual governo.
Passo a explicar: as empresas que actualmente estão em dificuldade financeiras, não podem ter défices perante as finanças nem a segurança social. Assim que a empresa entre numa crise financeira os seus responsaveis, têm de imediato que acionar o CIRE (Código de Insolvencia e Recuperação de Empresas), no qual declaram que a empresa está em situação de insolvência e pedem a mesma. Nos dias de hoje, só em casos muito excepcionais, é decretada por via judicial uma re-estruturação da empresa, permitindo a sua viabilidade.
Durante todo este processo, as dívidas perante a Segurança Social e as finanças têm que ser honradas, para isso tendo os trabalhadores, os fornecedores e os outros credores que esperarem ou no limite ficarem sem o dinheiro.Os Responsaveis que mesmo em situação de crise financeira ou na eminência duma, decidam arriscar, não acionando o CIRE, e não paguem às duas entidades acima referidas, na esperança de que ao pagarem aos trabalhadores consiguirem manter a fabrica aberta, e fazerem algum dinheiro com as vendas, dando esse mesmo para horrar os compromissos com as entidades estatais, apanham pena de prisão, no caso do processo acima não resultar e a empresa acabar por falir.
Tendo em conta que 6,15 milhões de euros é uma quantia demasiado baixa para um grupo da dimensão do Grupo Amorim, é natural que os seus responsáveis, receando que a situação piore ainda mais em termos conjunturais, decidam desempregar cerca de 200 pessoas. Mante-las empregadas, poderia no limite, implicar o atraso no pagamentos de salários, atraso no pagamento a fornecedores, consequente redução da produção, no limite até zero; aplicação do CIRE, e consequente insolvência do grupo.
A titulo de conclusão, a decisão em despedir cerca de 200 pessoas de uma só vez, é revoltante, mas dada a conjuntura actual e a legislação em vigor, não é abusivo ver essa decisão como uma forma de manter o grupo solvente, continuando a empregar os trabalhadores que não foram despedidos. Alem de que como é compreensível, nenhum responsavel de qualquer grupo economico está disposto arriscar pena de prisão, em vez de desempregar os trabalhadores. Talvez uma legislação, mais flexível sobre as insolvencias, permitisse uma significativa redução do número de desempregados, mesmo tendo em conta a situação economica actual.

C.S.

5 comentários:

Anónimo disse...

este é um dos comentários mais aparvalhados que já li.
Então o grupo amorim despede 193 trabalhadores por ter receio de cair na insolvência?
6,15 milhões é uma quantia demasiado baixa?
Sabes quantos salários é que esses 6,15 milhões de euros permitiam pagar aos trabalhadores?
Eu digo-te: em média um trabalhador corticeiro ganha menos de 750 euros.Esse dinheiro dava para pagar o salário aos 193 trabalhadores durante 43 meses.
A legislação em vigor se fosse cumprida os trabalhadores do grupo suberus e da facol não estavam tantos meses sem receber salários

Anónimo disse...

Talvez fosse interessante e não sei se tal seria possivel, saber-se o resultado da exploração de 2008, mas trimestre a trimestre. Se calhar o "blogboss" terá possibilidade de colher esse dado.

José Pinto da Silva

Anónimo disse...

Pois bem, desafio o autor do comentário: 20 Março, 2009 01:13, a referir um responsavel de uma empresa, em todo o pais, que tenha fechado uma unidade fabril, após a entrada em Vigor do CIRE, e tenha ficado a dever mais de 29,63 €, às Finanças ou Segurança Social, sem que tenha sido sancionado criminalmente (Pena de Prisão).
Quanto aos 6,15 milhões de euros: em primeiro lugar, uma unidade fabril não em apenas custos com o pessoal, quando está a laborar.Existem outros tipos de custos, que são necessários suportar, inerentes à laboração. Pelo que a referida quantia, já não servirá para pagar salários a 193 trabalhadores durante 43 meses.
Segundo, ignorando o primeiro ponto, 43 meses numa empresa é muito pouco tempo. Tempo ainda menor quando se trata de uma empresa, da dimensão da que está em causa.
Concluo, referindo que, basta uma desvalorização cambial, do euro face ao dolar, para que os 6,15 milhões de euros passem a valor negativo, já no primeiro semestre de 2009.

C.S.

Anónimo disse...

Eu não me referi nunca ao CIRE, o que eu escrevi e mantenho é que se a legislação fosse cumprida e não fôssemos um país de fantoches e marionetas, nenhum trabalhador ficaria sem receber vencimento no final do mês. Aqui, como alguns empresários estão sempre à espera da mama do estado para resolver os seus problemas, usam o execrável expediente do não pagamento de salários à espera de ver o que acontece. Depois dizer que basta uma desvalorização do euro face ao dólar para O grupo Amorim perder 6,15 milhões de euros num semestre, é um perfeito disparate. Primeiro porque o grupo Amorim só vende mercadoria em dólares para a América, portanto se o euro desvalorizar face ao dólar, significa que ao venderes em dólares ficas com mais euros.
Mas a questão principal aqui é justificar os despedimentos do Grupo Amorim como sendo uma justificação para a solvência do grupo. Isso revela muita ignorância relativamente aos resultados líquidos dos últimos anos. Em 2006, 2007 e 2008 o Grupo Amorim teve um lucro líquido acumulado a rondar os 50 milhões. Em 2008 nos primeiros 9 meses tiveram ganhos de 10 milhões de euros e no último trimestre perderam perto de 4 milhões, registando um lucro líquido em 2008 de mais de 6 milhões de euros.
É a velha máxima do empresário corticeiro: se hoje vendo por 20 e ganho 10,amanhã se vender por 19 já perco 1.
Quando as empresas dão lucro , descapitalizam-se as empresas e engorda-se as contas pessoais, compram-se terrenos, vivendas, carros ou então joga-se na bolsa ao invés de se investir na estruturação das empresas, depois vem a crise financeira e perde-se muito dinheiro e claro as empresas ficam à beira da falência e com isso os trabalhadores que se lixem, que trabalhem de graça ou então que vão para o desemprego.
Claro que todos percebemos onde é que se fundamentam todos os idiotas que defendem este sistema. No lucro fácil e na acumulação das mais-valias que resultam da exploração dos trabalhadores.

Anónimo disse...

Relativamente ao facto dos empregados ficarem sem receber no fim do mes,mais uma vez tal se deve à legislação em vigor.Pois, se actual legislação contemplasse que: uma divida de 29,63€ a um empregado implicasse sanção cirminal, tal como acontece quando se trata das Finanças ou Segurança Social, nenhum empregado ficaria sem salário no final do mês.Enquanto, não for aplicada essa medida podem ter a certeza que os trabalhadores à minima dificuldade sentida pela empresa, por mais pequena que seja, serão os primeiros a ficar sem o dinheiro.
Quanto á desvalorização do euro, passo a explicar a matéria que se leciona numa aula de apresentação de Economia Monetária Internacioal: a titulo de exemplo, se hoje: 1€=1,38$, perante uma desvalorização do euro, amanha: 1€=1,28$, siginifica que, pelo mesmo euro se vai receber 1,28$ em vez de 1,38$. Esta diferença de 0,10$, que neste caso é relativamente baixa quando comparada com os diferenciais reais, associada à quantidade de vendas que são feitas em Dolares fácilmente ultrapassam os 6,15 milhões de euros.
Convem ainda referir, que os tipos de contratos que este tipo de grupo faz, são contratos Foward e em Doláres para TODO O MUNDO, com excepção da zona euro.
Se em 3 meses se perderam cerca de 3 milhões de euros, ceteris paribus, em 6 meses perdem-se 6 milhões de euros.
Excluindo o pressuposto ceteris paribus, caso a conjuntura se detriore em 6 meses, em vez de se perderem 6 milhões de euros, pode perder-se um valor muito superior a este.
Quanto à descapitalização das empresas, apesar de infelizmente essa ser uma realidade das empresas portuguesas, nada tem a ver com actual situação financeira. Primeiro porque é uma situação Mundial; Segundo porque esta situação prende-se com a falta de poder de compra por parte dos consumidores e consequente diminuição de produção por parte das empresas,(mesmo que sejam empresas de elevada eficiencia, se não conseguem atingir o ponto critico das vendas, não consegiram honrar os seus compromissos). Terceiro, comparativamente aos restantes paises, Portugal tem sido dos menos afectados pela actual crise.
Quanto à exploração dos empregados, por contrapartida de lucro facil. O regime politico português é uma democracia, pelo que ninguem é obrigado a trabalhar onde é explorado. Quem se sentir explorado, tem mecanismos especializados aos quais pode recorrer. Em última instância, se o patrão é o "mau" e o empregado o "bom", basta pagar um salário à entidade patronal e sai-se da empresa. Aliás, Portugal é dos países da Europa onde a legislação laboral mais abona a favor dos empregados. Contactando com quem trabalha ou trabalhou no estrangeiro, a última frase facilmente é confirmada.
Em nota de conclusão, tenho a dizer que a falta de competitividade portuguesa, apesar de se dever aos patrões, deve-se também aos empregados. Termino com uma afirmação para reflecxão: Nos Estados Unidos da America, um dos países mais competitivos do Mundo, o patrão chega ao pé do empregado e diz-lhe: "estás despedido".Sem justificações e sem indeminizações. De referir ainda que, nos EUA não existe Segurança Social, nem Serviço Nacional de Saude...

C.S.