terça-feira, 31 de março de 2009

Duzentos mil, claro, ou menos...

O Dr. Strecht que alguém imaginou que iria sair com tiradas bombásticas do género "estou aqui porque me apetece”, esvaziou o balão ao dizer que estava ali para discutir política e que poderia estar com gente do CDS se fosse convidado.

Em 12 de Março à noite e já no 13 de manhã, todos os dirigentes da CGTP, eufóricos como só eles, diziam a todos os órgãos de comunicação que esperavam uma grande manifestação e apontavam para a presença de 100.000 pessoas. Correram algumas horas e soube-se que a polícia não faria o apuramento seguindo os seus métodos, sempre considerados fidedignos, ou se apurassem não seria para divulgar. Face à certeza de não contradita passou todo o mundo a altifalar que estariam presentes 200.000 pessoas. Em filas transversais de 24 pessoas (iriam muito apertadas na Av da Liberdade) e separadas 80 cm de fila a fila, 200.000 pessoas daria uma massa homogénea e compacta de cerca de 6,7 quilómetros. Seria algo como desde Albergaria até à zona industrial de Espargo. Cortem lá um bom pedaço à truta, senão digo que pesquei um lampião aceso. É mais fácil eu ir buscar um luzeiro aceso ao fundo do mar do que estarem lá as 200 000. Não é precisa muita memória para se imaginar que este ano, com crise ou com abundância, com aumentos de salários, pensões e benefícios, ou com congelamento de tudo isso ou mesmo redução, as manifestações, as greves, os passeios contestatários, da Função Pública (sobretudo), desde professores a enfermeiros, polícias a militares, técnicos do Estado a serviços da saúde, se repetiriam a pretexto e a propósito de qualquer espirro. Ano de todas as eleições. Parece que até a metereologia vai dar uma mão colaborante à onda de contestação ao Governo. Chegou a destempo a onda de calor a dar folgança aos costumeiros pirómanos e incendiários. Normalmente inimputáveis. E é bem por isso (não os fogos, claro) que mais se faz sentir a ligação umbilical entre quem dá a cara pela organização da(s) manifestação(ões) e os partidos de que são correia. Seria curioso poder-se saber, por exemplo, os movimentos de fluxos financeiros entre centrais sindicais e partidos de retaguarda, sobretudo a quando destas agitações. Quem aluga os autocarros e quem paga os alugueres e toda a logística? Serão os sindicatos que têm cada vez menos associados? Claro que não. São os partidos, estúpida e injustamente subsidiados pelo Estado. Às vezes fazem comparações de gastos e pergunta-se a quantas pessoas se poderia melhorar as pensões com este e com aquele dinheiro gasto nisto ou naquilo. E com o que se gasta em manifestações? Ao menos dinamiza o negócio dos transportes, dirão alguns. E quanto à ligação sindicatos/partidos foi lindo de ver as direcções dos partidos radicais terem sido apanhadas no redemoinho e lá foram parar na frente do desfile. E foi por mero acaso que fizeram declarações para as TVs. O Sr. Jerónimo de Sousa, saudoso que claramente é dos tempos da clandestinidade, onde se sente bem quem tem da democracia uma visão sovietista, disse até que a linguagem de Sócrates seria a do fascismo. Lembro-me que disseram o mesmo do discurso de Mário Soares, de Zenha e até de Alegre ou Piteira Santos. Olhou-se o Sr. Jerónimo ao espelho e falou para o reflexo e dele recebeu a mensagem do social fascismo que ambos viveram e praticaram na plenitude. Foram é travados em bom tempo. A gente lembra-se de 1975.
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O Sr. Francisco Louçã veio à Feira. Veio na ressaca da apresentação da candidatura de Teixeira Lopes a vereador no Porto. O Dr. Strecht que alguém imaginou que iria sair com tiradas bombásticas do género "estou aqui porque me apetece”, esvaziou o balão ao dizer que estava ali para discutir política e que poderia estar com gente do CDS se fosse convidado. Intervenção curta e centrada só na política de saúde, não deixando de ser crítico para algumas facetas da política seguida pelo poder. Tinha sido de mais impacto a declaração feita a um jornal diário e a propósito da política local. Falou depois o Sr. Louçã. Vinha, claro, de mangual empunhado para malhar forte e feio na eirada do costume. E, no concelho, o cereal a debulhar com a malhadela teria que ser Américo Amorim e o seu (na voz trotsquista) reaccionarismo, a sua insensibilidade, a sua malvadez ao ponto de, tendo ganho, em 2008, 6,3 milhões de euros, mesmo assim despediu 190 pessoas. Foi aqui que vi a falta de ética, a desonestidade intelectual e política, direi mesmo iniquidade do Sr. Louçã, características nele já conhecidas há muito, mas que as pessoas se inibem de denunciar. Porquê, não sei. O Sr. Louçã porque é político e anda na dirigência política e porque é economista sabia e sabe, e só o seu fanatismo o leva a esconder, que sendo verdade que a empresa de Américo Amorim contabilizou lucros no exercício de 2008, não é menos verdade que na exploração do último trimestre do mesmo ano perdeu quase metade (4,6 milhões) do que tinha ganho nos três trimestres anteriores. Tinha, portanto, entrado na rampa que levaria ao abismo e algo teria que ser feito para alterar o desnivelamento da rampa. O Sr. Louçã sabia e sabe que, se nada fosse feito, poderia acontecer que em 2009, ao invés dos 190, tivessem que ser despedidas muitas centenas de empregados. Brincou ainda o Sr. Louçã com o facto de ter a Administração decidido não dispensar mais do que uma pessoa do mesmo agregado. Brincou com isso porque é, de facto, insensível. Toda a gente, mesmo os trabalhadores, acharam a medida muito positiva e solidária. E, ao que se diz, Américo Amorim mandou pagar todos os direitos aos despedidos. O mal do Sr. Louçã é que, por interesse meramente político/partidário, para arrebanhar mais meia dúzia de votos, debita o seu ódio figadal ao lucro, às empresas, à gestão de meios e, com o mesmo fito, cavalga qualquer onda de descontentamento que exista e se manifeste aqui e além e, sempre que se manifesta lá estará o Sr. Louçã na crista da onda. Onde seja visto. Disse bem António Costa que ele "parasita a desgraça alheia" e, digo eu, incute a ideia de que é possível colher papaias nas silvas, em vez de amoras silvestres.
Ass.: José Pinto da Silva (In Terras da Feira Online)

10 comentários:

115 disse...

Exelente texto do Sr. Pinto.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Deixá-lo ter perdido.

Pinto da Silva

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Snr. Pinto parabens pelo texto,bem sei que a reação não gosta mas a verdade sempre.Continue.

Anónimo disse...

...e quem serão os reaccionários aqui? a esquerda? ou as pessoas de direita que apagam comentários neste blog?

Anónimo disse...

A Casa de Sócrates no registo predial, não passa de um simples apartamento.
Na verdade trata-se de uma casa senhorial no coração de Lisboa. São cinco assoalhadas dum 3º andar no edifício Heron Castilho. Tem 150
metros quadrados, avaliados em 800.000 euros, que custaram em Fevereiro de1996, 240.000 euros.
Antes vivia num modesto apartamento T2 na calçada Eng. Miguel Pais, em São Bento. Na garagem tem um Mercedes C230. Longe vão os tempos em que conduzia um modesto Rover 111.
Além disto frequenta restaurantes caros e usa fatos de marca. Como pode Sócrates viver como um homem rico, com 82 mil euros brutos (57 mil líquidos) que declarou ao Tribunal Constitucional ganhar por ano?
Diz não ter rendimentos de quaisquer empresas, acções ou planos de poupança. O único património que diz ter é o carro, a casa e ordenado.

Esqueceu-se de dizer que foi sócio da Sovenco, Sociedade de Venda de Combustíveis Lda., com sede na Reboleira, Amadora, em que está
registado na matrícula da sociedade. No seu site Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, não consta este pormenor.
Segundo fontes, o Ministério Público está a investigar os investimentos governamentais efectuados nas áreas do tratamento de
resíduos urbanos e a sua relação com o financiamento de actividades partidárias, durante o período em que José Sócrates exerceu funções governativas (Ministro do Ambiente de António Guterres).
Uma das principais dúvidas recai sobre o processo de adjudicação do concurso para o sistema da recolha e tratamento de resíduos do Planalto Beirão.
A Sovenco, criada em 1990, era uma sociedade de venda de combustíveis.
Os sócios: Armando Vara, Fátima Felgueiras, José Sócrates e Virgílio de Sousa.
Sócrates finge, agora, não se lembrar dessa sociedade que fez. E porque se tenta ele esquecer?
Porque: Armando Vara - condenado a 4 anos de prisão (pena suspensa); no entanto recebeu o prémio do amigo José Sócrates e foi ADMINISTRADOR DA CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, com 20.000,00 euros por mês, mais extras.
Fátima Felgueiras - andou foragida da Justiça no Brasil dois anos; FOI ELEITA PRESIDENTE DE CAMARA DE FELGUEIRAS e teve imunidade
parlamentar.
Virgílio de Sousa - condenado a prisão por um processo de corrupção no Centro de Exames de Condução de Tábua.
Compreende-se que Sócrates não se queira lembrar. Que 'ricos' amigos, hein?...Como é mesmo aquele provérbio?...
'Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és!'
Sócrates já não se lembra...Convém

Anónimo disse...

só tenho pena de não ter "amigos" assim, só tenho a certeza que ficava muito melhor de vida, e as autoridades não me chateavam...

João Petit

Anónimo disse...

...Haverá sempre um certo tipo de socialismo mais fundamentalista capaz de saber transformar e difundir ardilosamente conceitos como por exemplo Domingos Névoa em névoas de Domingo.
A primeira parte do artigo do sr. Pinto da Silva põe em evidência uma análise "quantitativa" em detrimento de uma análise "qualitativa" de um determinado fenómeno social. Esse sim, bem mais importante e merecedor de ser escalpelizado.

b.

Anónimo disse...

Na circunstância e no tipo de movimentações que reporto, a quantidade também determina a qualidade, ou quase diria, a qualidade fica desde logo qualificada pela quantidade. Mas .. depois também se fala do conteúdo.

José Pinto da Silva