terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Projecto Cegonha e Companhia tenta evitar situações de risco e abandono escolar


No município de Santa Maria da Feira há neste momento 17 grávidas e mães adolescentes que estão a ser acompanhadas pelo programa Cegonha e Companhia, que as prepara para o parto e para as responsabilidades da maternidade.
Desde a sua criação em 2007, a estrutura já apoiou 59 adolescentes com idades entre os 14 e os 20 anos e, sempre que possível, inclui os companheiros das raparigas no processo de formação que abrange tanto o período da gravidez como os dois anos que se seguem ao nascimento da criança.
Hugo Cruz, coordenador do projecto, lembra que “Portugal é um dos países da Europa com mais elevada taxa de gravidez na adolescência” e esclarece que “o objectivo [do Cegonha e Companhia] é evitar situações de risco social junto de jovens mais vulneráveis, aproximando-as dos cuidados de saúde e incentivando a formação para o emprego, porque todas abandonam a escola quando engravidam e já antes tinham um percurso de insucesso”.
"Há uma tendência para que estes casos se verifiquem com jovens cujas mães também já ficaram grávidas na adolescência”, pelo que "este ciclo tem de ser quebrado para que não volte a dar origem a mais famílias pobres”, diz Hugo Cruz.
“A maioria destas jovens chegam-nos algo fragilizadas porque as relações com o pai do bebé são instáveis ou vivem num contexto familiar complicado. Ajudamo-las a explorar a consciência da maternidade, a perceber as suas responsabilidades parentais e a definir perspectivas de futuro”, afirma Maria João Oliveira, que participa no projecto como educadora social.
Na prática, isso passa por “ir buscá-las a casa e levá-las ao médico, dar-lhes um curso de preparação para o parto, ensiná-las a tratar de um bebé e incentivá-las a manterem-se na escola para conseguirem emprego”.
Comparecer a uma consulta da especialidade pode ser difícil para estas jovens. “Neste concelho não há transportes públicos. A Feira tem 31 freguesias e as famílias mais carenciadas não têm viatura própria nem dinheiro para se deslocarem aos serviços de saúde”, segundo Hugo Cruz.
Quanto à vertente emocional da maternidade, realça: “Do ponto de vista do desenvolvimento de uma adolescente, a gravidez pode ser boa porque lhe vai garantir as atenções todas. O pior é quando o bebé nasce”.
“Se para uma adulta o processo é complicado e o parto pode criar um vazio difícil de gerir, com uma adolescente é tudo ainda mais complexo”, explica. “O nascimento da criança pode ter um impacto negativo não só na mãe, mas também na forma como ela se vai relacionar com o companheiro, com a família e com o próprio bebé”.
“Queremos minorar esse impacto e mudar o paradigma deste tipo de acompanhamento”, declara Hugo Cruz. “Mas não funcionamos numa perspectiva assistencialista: o que fazemos é ajudar estas adolescentes a criarem elas mesmas uma vida diferente para si próprias”.
O projecto Cegonha e Companhia integra o programa Direitos e Desafios, a que a Câmara da Feira deu início em 2005. Co-financiado pela Segurança Social, é executado pela Associação pelo Prazer de Viver em parceria com o Centro de Saúde da Feira.
Portugal é o segundo país da União Europeia com maior taxa de mães adolescentes, segundo diversas estatísticas, que revelam que mais de seis por cento das mães portuguesas têm menos de 19 anos quando os filhos nascem.

2 comentários:

Anónimo disse...

A GUERRA ESTÁ FECHADA REABRE A PARTIR 07 DE JANEIRO DE 2010.
oBRIGADO
CUMPRIMENTOS.

Anónimo disse...

Muitos parabéns pelo trabalho aqui desenvolvido. É de facto uma necessidade apoiar estas jovens.

Em relação à estatistica Portugal é um dos paises da Europa com maior casos do género, infeleizmente muito por culpa das erradas campanhas do uso do preservativo, que nos chegavam através da tv quase como um incentivo às relações sexuais. Qause se poderia ler nas entrelinhas que desde que o uses podes fazer o que quiseres e com quem quiseres, e agora somos os mais atrasados.!