domingo, 12 de dezembro de 2010

"ANOTAÇÕES"

“…É uma das tragédias da nossa história política recente que o líder mais qualificado, mais dotado e mais preparado de todos os lideres que o PS teve não tenha tido a maioria absoluta … se fui muito crítico, foi porque fui muito fã.”



- António Guterres
Não consegui criar empatia de qualquer espécie com o DR. Manuel Maria Carrilho e, mais recentemente, piorei o conceito, quando ele que, enquanto Embaixador de Portugal na UNESCO, tinha o dever de seguir todas as orientações dadas pelo governo que o indigitou, contrariou uma determinação governamental e, para determinada eleição, votou, não conforme a orientação do governo, mas segundo o seu bel-prazer. Claro que foi a causa mais próximo para ser desapeado do cargo o que o fez destilar todo o veneno político que já tinha e que foi agora acrescido.
Mais como não há bela sem senão, numa entrevista recente a uma revista de grande informação, disse ele, a certa altura, referindo-se ao ex-Primeiro-Ministro António Guterres, pensamento com que muito me congratulo. Disse ele então: “…É uma das tragédias da nossa história política recente que o líder mais qualificado, mais dotado e mais preparado de todos os lideres que o PS teve não tenha tido a maioria absoluta … se fui muito crítico, foi porque fui muito fã.”
Já tinha escrito, e acho que por mais do que uma vez, que sou um grande admirador da personalidade de António Guterres e, eu também, o considero o melhor Secretário-Geral que o PS alguma vez teve, o melhor parlamentar e um grande primeiro-ministro que foi vilmente manietado por não ter conseguido a maioria absoluta. Abandonou o governo no seguimento de uma estrondosa derrota do PS nas Autárquicas de 2001, mas não saiu por ter uma cadeira dourada à espera. Foi retomar o seu emprego que teve que abandonar por extinção do I P E (Instituto de Participações do Estado), tendo rejeitado a indemnização a que tinha direito. Tem no seu curriculum a eleição para Presidente da Internacional Socialista, honra que deixou engulhos em muito boa gente. Algum tempo depois de deixar o governo e a liderança do partido, pelo seu prestígio, pela sua capacidade e pela sua humanidade, qualidades reconhecidas internacionalmente, foi eleito Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, cargo que ainda desempenha em segundo mandato.
Guardo com carinho um Diploma, assinado por ele, sendo Secretário-Geral do PS e Primeiro-Ministro de Portugal.

- ALEGRE
É conhecida, porque a divulguei, a minha posição em relação à candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República. Sem mais, vou fazer duas ou três citações dele próprio, ditos que não alteraram a minha posição, mas a consolidaram. Em 14 de Abril, à Antena UM disse ele: “A minha candidatura é de esquerda contra a direita e destina-se a impedir que a direita consiga o triplay – Um Governo, Uma Maioria, Um Presidente.” Como a única coisa que ele poderia “roubar” à direita era o Presidente, é seguro que estava seguro de que o PS e o José Sócrates iriam perder as próximas eleições e que ele (Alegre) acreditava seriam antecipadas e a breve trecho. Conceito da solidariedade que está estampada nos out doors!
Mas, recuando algum tempo, disse ele uma vez ao jornal SOL: “Há um peso excessivo de uma ala direita que não corresponde ao pulsar do PS.” É evidente que estava a pensar no Sócrates que o derrotou para a liderança. Disse noutra altura que “… para apoiar o Sócrates teria que apoiar alguns dos seus apoiantes … e isso não posso fazer.” Disse ainda: “… Não posso envolver-me numa campanha eleitoral, se não estou de acordo com o programa político, nem posso apoiar pessoas que nada têm a ver comigo. Pessoas do partido e do governo.” Claro que só pode apoiar o Louçã e o BE que o apoiam incondicionalmente. Com que factura?) À pergunta sobre se poderia patrocinar a criação de uma nova força política, respondeu que “em política nunca podemos dizer Definitivamente.”. Poderia continuar com citações do género e tenho que recordar que, na anterior legislatura, foi ele quem fez a oposição mais insidiosa ao governo do partido que o tinha sentado na fofa cadeira.
E agora pergunto eu: Será que Sócrates vai “comiciar” ao lado de Louçã? Será que Sòcrates vai entrar abertamente na campanha eleitoral? E mais: Será que Sócrates votará em Manuel Alegre? Eu não acredito. E será que será possível que ele arraste para o seu lado a Professora Maria de Lurdes Rodrigues? Pagava para ver!

José Pinto da Silva

in (in)confidências

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