Os católicos não praticantes - RUI OSÓRIO - Voz Portucalense
Num país tão sociologicamente cristão como Portugal, é frequente ouvir quem diga, com toda a naturalidade, que é católico não praticante.
É próprio de quem diz acreditar mas não põe em prática a fé.
A justificação desse comportamento varia de caso para caso, embora o mais comum seja o facto de as pessoas organizarem a sua vida sem tempo nem modo para quaisquer expressões religiosas.
Noutros casos, as pessoas têm conhecimentos tão superficiais da sua religião que qualquer pretexto lhes serve para deixar de a praticar. Outros conservam sazonalmente alguns actos sociais associados a rituais religiosos em alturas concretas, por exemplo,
baptismo dos filhos,
bênção das pastas dos finalistas universitários
ou sétimos dias da morte de familiares.
Será possível e lógico crer sem praticar?
Há quem deixe a prática religiosa e justifique que isso se deve ao desejo de mais autenticidade.
São os que dizem que não gostam de normas e de ritos.
Preferem a sua” religião “mais espiritual”
e avessa a estruturas.
Parecem-se mais a anjos do que a pessoas comuns.
É normal que os anjos não precisem de sinais, gestos e palavras para se comportarem como anjos.
As mulheres e os homens, porém, não são assim tão angelicamente espirituais.
Não se pode querer uma fé sem gestos, com a desculpa da busca de mais autenticidade.
Deus Pai enviou-nos o seu Filho, que habitou entre nós.
Algumas bíblias, em vez de traduzirem o acto descrito pelo evangelista João, na forma clássica — “e o Verbo se fez carne, e habitou entre nós”, preferem a expressão “e armou a sua tenda no meio de nós”, para expressar a ideia de que Deus, em Jesus Cristo, passou a morar numa tenda ao lado da nossa.
A fé (creio)
e a vida (não pratico) não podem estar tão separadas.
Por sua própria natureza, devem estar unidas.
Uma fé sem obras é morta:
Obras, mesmo muito piedosas sem fé tornam-se vazias.
De tudo isso já se deram conta os bispos espanhóis.
Entendem que o número de crentes que vivem à margem da fé
se deve “à secularização,
à indiferença religiosa
e à superficialidade” da sociedade.
Dizem-no na sua mensagem para o Pentecostes, que, em Espanha, foi o Dia da Acção Católica e do Apostolado dos Leigos.
Afirmam que os baptizados
que “não se interrogam sobre o sentido da existência”
acabam por ser “presas fáceis do relativismo
e do subjectivismo”,
porque não querem ter critérios diferentes dos não crentes.
Deixam-se levar com facilidade
pelo “culto do dinheiro,
do prazer
e do poder”,
afastando-se de Deus
e da Igreja que os gerou para a fé.
São cristãos que “se fecham à transcendência
e ao amor ao próximo”.
Tentam, ingloriamente, “viver a sua fé em Deus,
sem renunciar aos critérios do mundo”,
caindo no “individualismo religioso”.
São cristãos desses, também entre nós, que precisam de nova evangelização, urgente e criativa.
*conegoruiosorio @diocese-porto.pt
3 comentários:
sou um viciado em café mas não tomo.
treta esfarrapada.....
sou atleta do fcp, mas não sou praticante
eu também sou sócio praticante, senão não presta, e quando tenho fome como, ou será que não...
catolico não praticante é a mesma coisa que ser não católico....
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