quarta-feira, 25 de abril de 2007

HISTÓRIA DO NOSSO CEMITÉRIO.




O blogspot recebeu para publicação o seguinte contributo para a história de S. Jorge, que foi enviada pelo Exmo. Sr. Padre António Machado.

____________________________________

Nota local antigamente os enterramentos eram feitos nos interiores da igreja paroquial utilizando o chão da capela-mor, do corpo da igreja e naves laterais, se as possuíam. Mais tarde introduziu-se o costume de sepultarem também nos adros dasigrejas particularmente para aqueles menos crentes ou menos católicos.Os abades eram inhumados na capela-mor. O Abade Inácio António da Cunha o fundador e autor da utilização das Termas de Caldas de São Jorge está sepultado na capela-mor da igreja matriz desta Vila. Os dois párocos (P. JOSÉ GOMES DE ALMEIDA - 1841 – 1879 P. JOSÉ CORREIA DIAS DE ALMEIDA -1883 - 1904 ) foram sepultados no adro,possivelmente à porta principal da Igreja onde se encontram 8sepulturas com grandes lages de pedra de granito. A respeito das sepulturas no adro conta-se o seguinte: O AbadeLoureiro, homem enérgico e autoritário, chamara a si a escolha dolocal para cada sepultura.; e esta escolha criou-lhe más vontades eaté conflitos sérios. Todas as famílias queriam os seus mortos naparte sul do adro ( pudera voltada ao Sol quentinho! ); e quando o abade os mandava para o outro lado (para o Norte e lado frio!), ladoda sombra resmungavam e ficavam mal contentes.Mas o conflito mais sério deu-se com o moleiro Jacinto José deOliveira dos Candaídos. ( Eram famosos os moleiros dos Candaídos!).Tendo-lhe falecido um filho deu ordem para ele ser enterrado no ladoSul. ( O tal lado virado ao Sol). Opôs-se-lhe então o abade mandando-opara o lado oposto. ( O tal lado Norte do lado do frio ! ). O coveiro foi participar isto ao Jacinto. ( às vezes os coveiros também criavamproblemas..) E este apresentou-se logo no adro da Igreja, escolheu osítio e começou ele mesmo a abrir a cova. O abade, é claro , veio logo increpá-lo e ameaçá-lo. Mas o Jacinto também era teso; o abade não passou da porta dasacristia e limitou-se a autuá-lo. (Os abades na altura também eram presidentes da Junta ! ). A participação foi para a Vila e o que valeu ao Jacinto foi ele ter amigos políticos que conseguiram arquivar o processo.Quanto ao Cemitério.Por Decreto de 21 de Outubro de 1835 foi legalizada a criação decemitérios e proibida a inhumação dentro das igrejas. Mas esta proibição não foi bem recebida pelo povo e taisenterramentos continuaram. Foi mesmo esta proibição que em 1846, segundo contam, deu o rastilho àgrande revolução da MARIA DA FONTE.Todavia as relutâncias foram abrandando pouco a pouco e hoje é raraa freguesia sem cemitério.Quanto ao Cemitério de São Jorge em Novembro de 1874 o abade ofereceu um terreno do passal para a sua construção.( Os abades também eram esão generosos !). E a Junta em sessão do dia 1 do dito mês Novembro deliberou pedirautorização ao governo.Em sessão de 23 de Setembro de 1880 resolveu constituir uma comissão para angariar donativos para o novo cemitério. Em 17 de Outubro do mesmo ano de 1880, fez-se o concurso da obra depedreiro, em arrematação, sendo entregue ao Mestre Ferreira por 23.000réis. Em ofício da Junta Distrital de 21 de Novembro de 1884, a Junta foi autorizada a vender terrenos para ajuda do custeamento das despesas. E Em virtude disso fizeram-se várias concessões 8 sepulturas) e ainda outras determinando o muro de vedação. Houve, porém falta de critério nestas concessões, fazendo-as quase todas à margem do passeio grande e pondo este assim incomunicável com o terreno do Cemitério.( Era uma balda, uma confusão!).Em 1882 a Câmara concedeu um subsídio de 60.000 réis.Em Outubro do mesmo ano foi o Cemitério benzido pelo Vigário JoséHenriques da Silva.Em 1885 a Junta pediu e obteve árvores para plantar no Cemitério. Mas plantou-se árvores de mais.E tiveram mais tarde de serem mondadas por ensombrarem e desfeiarem muito o Cemitério.Em 1895 foi vedado um pedaço do terreno para o enterramento dos não católicos no canto Norte Poente e comunicando para um campo do passal por uma porta de ferro.Em 1909 fez-se a primeira monda nas árvores. Em 1911 por ordem do administrador a Junta mandou demolir o muro quese para os católicos dos não católicos.Em 1914 fez-se a segunda monda nas árvores foi lavada a esquadria, cimentou-se a entrada e um rego de esgoto ao correr do muro. Em 1917 nova monda nas árvores e caiação das paredes dos muros de vedação.Em Janeiro de 1922 foi criado o cargo de coveiro e zelador do Cemitério.Em 1934 foi feita uma tarimba de pedra e ali assente para poiso dos caixões durante a encomendação dos falecidos. O Cemitério tem quatro quarteirões, separados com passeios com orlas de murta.No passeio do fundo ergueram cinco capelas: a começar do Sul – a pertencente à família do Conde com a data de 1888; a pertencente à casa do Carvalhal sem data; a pertencente à família Santos da Sé com data de 1883; a pertencente à família Oliveira da Sé com data de 1896; a pertencente à Casa do Engenho com data de 1899. No mesmo passeio da parte Sul está um jazigo de forma em eirado com 1 metro de altura e contendo as sepulturas da família do Gaio de Casaldoido.E outros jazigos se fizeram em vários sítios do Cemitério, a maior parte gradeadas e entre os quais se destacam:o da casa Oliveira, das Airas, com data de 1923;o da casa das Ribas com data de 1905;do Américo costa de 1937;O de Cruz 1937;do Bernardo de 1937e o da família do Costeiro sem data.O portão do Cemitério tem a data de de 1881.( Dos escritos e memórias paroquiais)Hoje o Cemitério está ampliado mas necessita de nova ampliação.

ATM.
QUE SIGNIFICA ESTAS PEDRAS ???

1 comentário:

Anónimo disse...

É sempre benéfico, conhecer a nossa história, sem ela éramos sombras ambulantes.
O Sr. padre, faz muito bem em dar a conhecer a nossa história, mesmo que introduzindo o seu sentido de humor acutilante.

Desavenças aparte,
cumprimentos:

Não Anónimo