segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Há quem confunda a Avenida de Roma com a Praça da Ribeira


Ambas são importantes, ambas merecem a nossa admiração e respeito. Mas são completamente diferentes. São apreciadas por públicos diferentes. Uns admiram mais o antigo, outros valorizam mais o moderno. Ambas merecem ser preservadas. Serve esta forma alegórica para mostrar a confusão que reina na cabeça de muitas pessoas que são peremptórias em afirmações do tipo de quem nunca erra ou raramente se engana.
Recentemente promovi e participei num debate público sobre a localização de um equipamento de interesse público intermunicipal que visa melhorar a qualidade ambiental dos cidadãos.
Foi arrepiante a confusão que vi quando as pessoas confundem crescimento com desenvolvimento. A ideia de querer muita gente na sua terra, muitos prédios e de preferência muito altos, ter locais de animação/diversão, que até podem ser ruidosos, terem estradas de preferência muito movimentadas, é o sonho e entusiasmo para uns e o mau gosto para outros. Fazê-lo em nome do progresso, porque é preciso sair da pasmaceira do sossego em que a freguesia se encontra, nem que para isso seja preciso destruir uma grande mancha verde, pôr em risco o futuro de excelentes recursos hídricos, se elimine vestígios arqueológicos e se comprometa as potencialidades de um local para instalar um Parque Empresarial de Reciclagem de Sucatas, afirmando convictamente que esse equipamento é uma mais-valia para a sua terra. Democraticamente é um direito que assiste a essas pessoas, mas por favor podem chamar-lhe tudo menos desenvolvimento… Não confundam as coisas!
Entretanto, os leitores deste jornal tiveram oportunidade de ler um artigo de opinião "a perplexidade de quem investe no ECOPERM". Podem até os apetites dos interessados em baptizar o equipamento de Parque Tecnológico de Tratamento de Sucatas ou outro nome mais pomposo, mas uma coisa não nos podem ocultar – trata-se de sucatas a separar, empacotar e eventualmente fundir… não são unidades de empacotamento de amendoins, canela ou de embalar frascos de perfumes da Chanel ou similares… Mais uma vez se confundem as coisas..
Os terrenos da Quinta da Lage têm história. Para os menos informados na década de cinquenta a Oliva pretendia instalar ali a sua fundição. A Administração do concelho não permitiu. Mais tarde, no final dos anos setenta, início dos anos oitenta, a freguesia foi confrontada com a instalação de uma lixeira. Recebia contrapartidas financeiras chorudas, mas não se deixou iludir. Esta acabou por ir para Canedo, com as tristes marcas que conhecemos. Entretanto, parecia que os maus ventos tinham acabado. Apareceram novas brisas. Foi aventada a hipótese de uma possível localização do hospital. Mas não resultou. Porém, sempre foi afirmado pela Câmara Municipal que aquele local era um diamante por lapidar. A determinação foi tal, que mereceu que o PDM de Santa Maria da Feira reservasse esses terrenos para um equipamento hoteleiro de nome, o Projecto Marva, que tanto serviu para campanha eleitoral nos manifestos dos partidos políticos. Foram projectados para o local espaços turísticos de altíssima qualidade que incluim campos de golfe, etc.
Mas, de forma inesperada surgem de novo os maus ventos. Pretendem implantar na Quinta da Lage um Parque de Reciclagem de Sucatas.
Para os menos informados, a freguesia de Pigeiros vai ter a Nascente a A32. A Sul a Via Feira-Arouca. A Poente tem a Estrada Nacional-1. A Norte confronta com a Vila das Caldas de S. Jorge e as suas Termas. Além disso, Pigeiros, vai ter um nó de acesso à A32.
Com estas acessibilidades, Pigeiros merece os maiores cuidados urbanísticos. Vai ser alvo de apetites vorazes dos imobiliários. É urgente elaborar um Plano de Pormenor que regule as zonas de construção da freguesia, dados os indícios preocupantes como as coisas estão a correr.
Aos responsáveis pelos destinos da Freguesia urge dizer, não tenham pressas, não se precipitem, a hora de Pigeiros se afirmar com modernidade está a chegar. Coerentemente com esta projecção da freguesia é um erro histórico construírem o PERM na Quinta da Lage.
Por último, tendo o Estudo de Impacte Ambiental para a localização do PERM na Lage encontrado elevadas situações de perigo ambiental, desde a eventual situação de catástrofe, onde as consequências poderão ser irreparáveis, até à destruição de vestígios arqueológicos existentes, faz todo o sentido realizar estudos complementares para escolha de melhor local.
A nível nacional, temos o exemplo do aeroporto da Ota. Os governos tinham indicado a Ota como o melhor local da construção, mas os estudos de impacte ambiental indicaram a existência de elevados riscos ambientais e gastos elevados. Perante isto, o Governo mandou estudar outros locais.
De igual modo, o mesmo se pede que se faça para o PERM intermunicipal no concelho de Santa Maria da Feira. Que se avaliem as alternativas e se escolha o melhor local.
António Cardoso
IN TERRAS DA FEIRA ON-LINE.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu cá por mim optava por uma Zona de Lazer,
Hotéis,
Escolas de Hotelaria e Turismo,
Parques desportivos!
Campos de Golfe!
Hipódromos para corridas de cavalos com apostas!
Com esplanadas
e mais espalanadas!
Mas já sei que não vai ser nada disso!
CANEDO DESENVOLVEU
POR CAUSA DA LIXEIRA
E LIXOU-SE O INHA!
MAS CALDAS DE SÃO JORGE
NÂO SE VAI DESENVOLVER
E VAI-SE LIXAR O UIMA!
É pena!
ESTA TERRA HÁ-DE SER GRANDE!!!!