sexta-feira, 13 de março de 2009

Pra Angola já ! E em força ! (Salazar e Sócrates)

Excelente artigo de Nuno Rogeiro
“As pessoas mais velhas da minha geração ainda combateram nas guerras de África. Mas estamos a partir, e já não fica cá ninguém que tenha passado este passado.
A presença sentimental de Portugal em Angola continuará, claro, encerrada nos livros, mas não mais nas memórias de pessoas vivas. Essas pessoas que ainda acordam à noite, pressentindo a manhã sobre a savana, ou o cheiro do capim fresco, entre leões.
Isto tem vantagens.
Pode permitir que, com o fim dos beligerantes, países iguais e irmãos possam crescer sem traumas nem romantismos excessivos.
Portugal não tem de se envergonhar de nada do que fez em África, se bem que nem todos os portugueses possuam motivos de orgulho. E os angolanos quererão certamente também olhar para a frente, e deixar o tempo da obsessão. Obsessão pelas culpas e desculpas, pelos grilhões e pelas a1gemas, pelas ocupações e pelas libertações.
Os dois países estão em paz civis. Não podem ter medo de crítica e de autocrítica, não podem deixar de conviver com a pluralidade de opiniões, ou com os direitos das pessoas reais, as que, na norma1idade, fazem e desfazem governos.
Mas precisam sobretudo de não deixar escapar oportunidades. Para que as próximas gerações de poder — as tais que já não viveram a guerra — desfrutem do sofrimento dos pais.
Os laços entre Portugal e Angola são importantes por causa do que foi. Mas devem reconstruir-se, todos os dias, em bases lúcidas; que não apelem só ao sentimento,
mas ao interesse racional, às capacidades, à potêncía individual e colectiva, ao que cada
um dos parceiros pode fazer pelo outro.
Portugal deve continuar a apresenta Angola à Europa, como modelo de país que saiu da guerra para a paz, da paz para a reconciliação e da reconciliação para a eleição.
Como país que não se fragmentou em feudos de senhores da guerra; que não enveredou pelo genocídio entre tribos; que não se transformou nem em caos nem em tirania sanguinária.
José Eduardo dos Santos em Lisboa é importante, apenas por representar Angola.
A seguir a ele virão outros políticos, que continuarão os laços e as cumplicidades com Portuga1. E é importante que possamos, portugueses em Angola, usar as armas tradicionais dos países “normais”:
Competência, espírito de empreendimento to, persistência, gosto pelo trabalho, inovação e qualidade.
Que não se parta para Angola na mira do lucro fácil, ou do conto do vigário.
Na reconstrução Ioca1, que pode custar cinco vezes o tota1 dos empréstimos da China, existem oportunidades, mas os critérios estão rigorosamente traçados, e precisam de ser estudados.
Não há onde plantar novos Brasis: a terra está descoberta, é independente e estabilizada.
Mas há lá muito que fazer, e um admirável mundo novo fica aos nossos pés.
Por outro lado, as oportunidades empresariais angolanas em Portuga1 são conhecidas.
O novo equilíbrio bilatera1 poderá ser, em não tanto tempo como isso, um milagre para a África, e para Portugal.
E o motivo para que os nossos filhos se orgulhem de nós, os que vivemos e morremos nas guerras, próximas e longínquas.”
Nuno Rogeiro
Da Revista Sábado de 12 a 18 de Março 2009.

Agora cá está um relatório minoritário conciso e inteligente.
Parabéns!
Recordo-me de há tempos ter dito, ainda Angola lutava pela sua identidade única quando se disputava a balcanização pelo MPLA, UNITA E FNLA,
que Portugal tinha meios para a pacificação,
desenvolvimento,
progresso
e paz e fui chamado de neo-colonialista!
Discordei e discordo!
Conheci muito bem Angola
e conheço as suas gentes!

SEMPRE ACREDITEI E ACREDITO!

Mudam-se os tempos,
mudam-se as vontades!

A VERDADE PARA ALGUNS SÓ É VERDADE
QUANDO É SACRISTÃ
DAS SUAS IDEIAS !...

4 comentários:

Anónimo disse...

Claro que merece comentário. Mas tem que ser rascunhado. Mas sairá ao nível.

José Pinto da Silva

Anónimo disse...

Pensei que já não havia salazarentos mas ainda andam por aí alguns.

Anónimo disse...

E lembraram-se agora de Angola... Com tanta coisa por fazer no nosso País. Apostem na agricultura. Apostem no turismo. Desenvolvam o interior.

Anónimo disse...

Afinal não comento. Só porque o que
me fez estarrecer e me levaria a um comentário quiçá forte foi retirado. Não sei se ainda bem ou se ainda mal. Ainda bem se o autor
interiorizou que tinha ido demasiado longe no seu saudosismo. Ainda mal se foi mesmo só para evitar comentários colocadores das coisas no sítio.
José Pinto da Silva