quinta-feira, 30 de julho de 2009

A (des)credibilização da política...

A política está em baixa. De facto, nos últimos anos, tem vindo a ser desenvolvida a ideia de que ser político é mau e o que seria necessário era o aparecimento de pessoas técnica, política e socialmente competentes. Diz-se até, por alguns círculos, que a actividade política (partidária) começa a ficar "muito ao nível do assalto à mão armada".

Se, ao nível mais alto da política portuguesa, a tecnocracia está a invadir a área presidencial (veja-se que sendo o Presidente da República um cargo eminentemente político, já se fala que ainda bem que o Presidente percebe de economia), à medida que vamos descendo o patamar dos cargos políticos a coisa vai-se “ajustando”... para pior.

A permanente “disponibilidade dos mesmos… de sempre” continua omnipresente. Ele é uma candidatura a um qualquer lugar de Bruxelas, ele é a candidatura a uma qualquer câmara do país, ele é o “esforço” de fazer o favor de se sentar na Assembleia da República por mais quatro anos. Se não for num, pelo menos que haja a garantia de que se é “encaixado” no outro.

Já ao nível local, a coisa, embora a outro nível, também não deixa de ter o seu “quê” de “interessante”(?).

Se outrora para se ser candidato a uma qualquer câmara municipal ou junta de freguesia, havia que demonstrar, junto da dita sociedade civil, a bondade profissional e social de cada indivíduo, agora, a falta desses predicados não significa o não aparecimento de gente cuja experiência se resume a pouco mais que nada (mas que de tudo julga saber)…

Claro está que alguns dirão “…as portas sempre estiveram abertas… porque só agora… quem pode não se quer aborrecer e expôr… a democracia não escolhe idade, credo, cor, profissão…”, e por aí fora.

Tenho sobre isso, uma opinião clara. Provavelmente haverá que a não compreenda. Mas é a minha opinião. Fazer política é, fundamentalmente pensar. Falar. Quanto mais se está nas hierarquias políticas dos órgãos, menos se deveria ter uma atitude de gestão da carreira e de aparelho partidário, e muito maior deveria ser a atitude política e retórica do indivíduo.

Fazer política é também tomar decisões, mas não deve ser fazer contas. Se calhar, nem sequer é explicar contas. A responsabilidade é outra.

Fazer política é, por isso, saber ouvir, tomar decisões, escolher os melhores intervenientes e saber explicar. Falar. Demonstrar razão. Razão política. Apontar desígnios estratégicos de desenvolvimento.

Mas, nos últimos tempos, anda tudo trocado. Tudo se questiona. Com e sem argumentos (quase sempre).

Aliás, a falta de argumentos, as inverdades, a falta de vergonha e por vezes a calúnia são as características mais visíveis nos meios que se dizem políticos.

Mas continuo a afirmar que não pode valer tudo. As invejas, as “trocas”, o dito pelo não dito, o aproveitamento e apropriamento indevido de algo são coisas muito feias…

É por isso que as pessoas se afastam. É por isso que cada vez mais a abstenção se torna no destino mais provável do voto de muitos portugueses.

Porque muitos dos “políticos” que hoje despontam, não conseguem falar. Porque além de não terem aprendido a ser (bons) políticos, não são sequer bons técnicos.São, entretanto, indivíduos que vamos ter que ir aguentando. Com ou sem razão!


(Post Scriptum: Post não direccionado. Apenas o pensamento de alguém que… anda por aí…)

In www.certasconfidencias.blogspot.com

5 comentários:

Anónimo disse...

Esta é para o presidente da Junta de Caldas de S. jorge, por ser um vira casacas.

Anónimo disse...

Concordo plenamente com o post. No nosso país as coisas vão de mal a pior e os responsáveis políticos não são reponsabilizados por nada.
Esta além de ser para o Presidente da Junta também é para os ps das Caldas que não sabem o que andam a fazer e afastaram muitos elementos validos.

Anónimo disse...

és mesmo bom...não és diferente!...

Anónimo disse...

Concordo só em parte com o que foi dito.
Creio que se podermos juntar o conhecimento técnico com o saber fazer e agir, tudo será mais fácil na tarefa de gerir uma junta ou câmara.
Mas também, o mais fácil disto tudo, é saber dizer umas coisas bonitas na generalidade para poder deixar a malta a pensar em todos sentidos, mas na prática, na acção, tudo é um pouco diferente. É preciso arregaçar as mangas e pôr em pratica o que se sabe dizer com muito floriado.
Já agora, concordo em 1000% com o comentário das 01:39h.

Anónimo disse...

Para o anónimo das 1:39
Tenho estado, não muito por dentro, mas também não de fora de todo da secção do PS e não aceito o "não sabem o que andam a fazer e afastaram muitos elementos válidos". Não imagino quem se sente ter sido afastado, mas se estão mais longe (alguns), terá sido porque sido porque se auto afastaram. Entendo eu.
José PInto da Silva