quinta-feira, 3 de setembro de 2009

DR. CARLOS RIBEIRO…

Doutor_Carlos O Dr. Carlos Pinho Ribeiro poderia quase ser enquadrado naquela moldura do médico popular que Júlio Dinis consagrou como João Semana e que ficou no imaginário do povo como o médico que, pobre de meios, mas muito rico de disponibilidade, acode a toda a gente que lhe faça chegar aflições e carestia de algum lenitivo

para a dor física ou só para o medo de males de maior.

Nasceu no Brasil, no seio de uma tradicional e, depois, numerosíssima família, a família da D. Inês, em 5 de Junho de 1905, filho de António Pinho Ribeiro, natural de cá, e de Inês Moreira Ribeiro, oriunda de Escariz, e teve mais 15 irmãos que chegaram todos a adultos. O pai faleceu ainda jovem, tinha a filha mais nova apenas 2 anos de idade. De todos os irmãos foi o único que levou os estudos até à licenciatura, em medicina, pela Universidade do Porto, em Novembro de 1930.

Logo iniciou a sua actividade, tendo montado consultório na casa da Família (edifício ainda existente) e espalhou o seu trabalho por algumas freguesias circundantes, para onde se deslocava, como o João Semana das Pupilas do Senhor Reitor, montado num cavalo que constituiu o seu primeiro meio de transporte. Só bem mais tarde viria a adquirir um pequeno automóvel de que os maiores de 65 anos ainda se recordam.

No período em que as Caldas estiveram encerradas (fecharam em 1940 e só vieram a reabrir em 1956), as Pensões então em actividade e alguns particulares aqueciam a água e vinham muitos aquistas que aqui passavam férias e aproveitavam das qualidades medicinais da água e, já nesse então o Dr. Carlos dava acompanhamento a esses “fidalgos” (designação, ao tempo, dado aos aquistas).

A partir da reabertura, tendo ficado a Director Clínico o então Presidente da Câmara, Dr. Domingos de Sousa, foi nomeado o Dr. Carlos Ribeiro Subdirector, condição em que se manteve até Abril de 1974, altura em que, por método menos informal o Director foi impedido de continuar, assumindo a direcção clínica o Dr. Carlos Ribeiro, onde se manteve até ao seu falecimento em 6 de Setembro de 1975, nunca tendo deixado de manter o seu consultório onde atendia os doentes da Caixa de Previdência e outros não abrangidos por aquele sistema de

de apoio na saúde.

Casou em 1942 com Maria Teresa Jesus Gomes Ribeiro, ainda vivente, sendo talvez a pessoa mais idosa de Caldas de S. Jorge, nascida a 8 de Setembro de 1911. Em 1976, cerca de um ano após o falecimento, por iniciativa e empenhamento do Sr. Domingos Santos e colhido o beneplácito da Câmara Municipal da Feira, foi atribuído o seu nome ao Jardim fronteiro à moradia onde viveu até à morte, onde foi implantado um maciço em que ficou para sempre gravado o nome do que poderá ficar designado como Médico do Povo.

Por ideia, em boa hora tornada pública, de uma informal associação, que carecerá de institucionalização oficial a breve prazo, e que adoptou o bizarro nome de “Vá lá, Vá lá, Podia ser Pior”, no Jardim que já tem o nome do Dr. Carlos Pinho Ribeiro, no exacto local onde fora, em 1976, implantado o maciço com o nome gravado, vai ser colocado um busto do homenageado, sendo que a pedra de 1976 foi deslocada para outro ponto do mesmo Jardim.

A cerimónia terá lugar no dia 6 de Setembro próximo, dia em que passa o 34º. ano do seu falecimento e do programa constará uma celebração eucarística em memória, seguindo-se uma singela romagem (11,00 h) ao cemitério local onde ficou sepultado, ao que se seguirá a cerimónia de descerramento do busto, fruto da arte do escultor feirense, Prof. Baltasar, (12,00 h) altura em que, pela voz de um sobrinho do recordado, serão ditos alguns dados biográficos. Às 13,00 h, na Quinta das Oliveiras, em S. João da Madeira, terminará a celebração com um almoço que culminará com uma intervenção do Prof. Dr. Eugénio Santos, Catedrático Jubilado da F L U P, que, por certo, trará alguns dados menos conhecidos da generalidade das pessoas, mesmo das locais que com ele conviveram, fruto de pesquisa que desenvolveu.
(Pinto da Silva) In terras da feira.

Sem comentários: