quinta-feira, 25 de novembro de 2010

...a rua do Bicalho.

foto: ...sem comentários.

O presidente Alfredo Henriques, disse ao Correio da Feira, no seguimento de algumas críticas feitas à construção do futuro Centro de Artes de Rua o seguinte: 
…"Cada um usa os termos que entende. A grande satisfação que tenho, em situações como esta, é que vejo estas críticas e fazem-me lembrar as críticas enormes que houve à construção do Ilha Bar, nas Caldas de S. Jorge. Também nesse processo, foram vários os reparos, pessoas a votarem contra e, hoje, não há ninguém que não passe pelo local e diga: está aqui uma obra digna de quem a fez e quem a projectou. Estou convencido que vai suceder o mesmo agora em toda a zona envolvente do Centro de Artes de Rua".

O meu reparo, é que apesar de politicamente correcta, porque visa um objectivo político específico, esta comparação pretende na realidade, fazer calar por força do argumento, qualquer voz mais discordante e eventualmente mais incómoda que se possa insurgir contra a anunciada edificação do Centro de Artes de Rua.
No meu ponto de vista, trata-se do recurso a um silogismo cujas premissas foram habilmente distorcidas, resultando na óbvia falácia de se pretender comparar David a Golias, que de comum apenas tinham o facto de serem assexuados. Cada um à sua maneira.
Na realidade, esta comparação menos feliz, entre a (re)construção do ilha – bar, vulgo ZIP ZIP em Caldas de S. Jorge, e o suposto "monstro" arquitectónico que a autarquia pretende erguer no centro da Feira, incide sobre “volumetrias” que não são, nem podem ser comparáveis.
Desde logo, pelo “volume” de investimento necessário à execução de cada uma delas.
Depois, pela diferença abismal que existe entre as áreas de implantação das respectivas edificações, e por fim, mas mais substancialmente ainda, pelas acentuadas diferenças ao nível das repercussões sócio-económicas que cada um destes empreendimentos obrigatoriamente arrasta para a comunidade em que se insere.
Com toda a sinceridade, não me parece que tenha havido criticas enormes à (re)construção do ilha bar, bem pelo contrário. A avaliar pelas declarações do Presidente Alfredo Henriques, devo mesmo dizer que fiquei curioso em saber qual, ou quais as pessoas que votaram contra esta obra.
Depreendo que, por se tratar de um homem com visão política, se esteja a referir ás críticas (que na realidade foram mais chamadas de atenção, do que críticas) para algumas ilegalidades processuais que na ocasião vinham sendo cometidas, como aquela célebre história do parecer (inexistente na altura) da CCDR(N) relativamente à ocupação do leito de cheias.
Mas valha-me Deus, não foi nada de tão grave assim. Nada que umas viagens ao Porto do vereador do Urbanismo não pudessem resolver, como de resto resolveram.
Recordo os leitores que no caso concreto do ilha-bar, logo após a atribuição da concessão por parte da Câmara, este projecto viria a ser financiado em grande parte, senão mesmo na totalidade (segundo algumas vozes da freguesia), pela ADRITEM - Associação de Desenvolvimento Rural Integrado de Terras de Santa Maria.
Associação esta que foi criada no âmbito do PRODER e de cuja direcção faz parte o Sr. Vereador Emídio Sousa, que como é público, é também o vereador responsável pelo pelouro que arquitectou e promoveu o já aludido concurso de concessão do espaço Ilha. Tudo isto, com o natural envolvimento do executivo da Junta de freguesia de Caldas de S. Jorge e com total transparência.
Quero com isto dizer que todo o processo de concessão do ilha se desenrolou de forma absolutamente legal, banal e bananal.
Pena, isso sim, que a freguesia de Caldas de S. Jorge, não possa ter retirado para si nenhum outro dividendo do projecto excepto no que respeita à requalificação, bem conseguida diga-se de passagem, de uma parte significativa da envolvente termal.
Não se confunda portanto críticas, com chamadas de atenção para determinados procedimentos pontuais que foram aligeirados pelo gabinete de Urbanismo da Câmara e que, em devido tempo, acabariam por ser corrigidos, nomeadamente como já referi, aquela questão que se prendia com a definição do leito de cheias e que ainda hoje, apesar de tudo, não está totalmente clara.
Mas o que lá vai, lá vai.

Relativamente ao tal “monstro” arquitectónico, estou de acordo que se deva maximizar e potenciar a sua área de implantação.
À oposição compete aplaudir (baixinho) e zelar para que tudo se faça de forma legal e banal. Só.
E já agora, meus amigos, rezem. Rezem muito para que este mega empreendimento no coração da cidade, não venha a render muitos votos nas próximas eleições autárquicas.
No que diz respeito às Caldas, esta questão nem aquece nem arrefece.
As nossas necessidades são outras e sobejamente conhecidas. Até que sejam satisfeitas, continuaremos a ensaiar “artes de rua” no mesmo sítio de sempre.
Na rua do Bicalho.

Até já

bettencourt

4 comentários:

Anónimo disse...

Que há semelhanças há.
Só um ceguinho é que não vê!
1.Ambas “metem” água. A das Caldas mete “lagoa” do Uima.
2.A Obra da Feira me te “charco inútil” a utilizar e embelezar.
3.O Ilha- Bar foi criticado à nascença, na feitura, acabamento, na Inauguração e após a Inauguração. A história do “ gancho”…
4.O Arquitecto é o mesmo!
5.É das Caldas!
6.Os criticadores são os mesmos e até das Caldas!
7.Como no Ilha os criticadores vão ir ao Teatro de Rua e ao Continente e como toda a gente
vai vir de lá contente.
Assapa-lhe Presidente e não só…

PNCS disse...

Ilustres,

Há largos meses que me recuso a fazer parte desta quase "conspiração eclética" em que se tornou o caldas-são-jorge.blogspot.

Apesar de tudo, impõe-se, excepcionalmente, um "simples" comentário ao post subscrito pelo estimado Bettencourt (outros… haverá, que não merecem uma linha de literatura que seja).

Para "alertar", essencialmente, sobre os seguintes pontos:

1- A grande confusão (?) que paira no ar quando se fala do projecto do Centro de Criação de Teatro e Artes de Rua. Na realidade, as declarações do Vereador do PS António Bastos, acerca do suposto “excesso de volumetria” referem-se, exclusivamente, ao projecto do edifício comercial (de iniciativa privada) previsto para a Rua Comendador Sá Couto, em Santa Maria da Feira e não ao CCTAR.

2- O estudo (ainda) prévio do CCTAR, foi aprovado por unanimidade em Reunião de Câmara (portanto, com os votos favoráveis do executivo municipal e dos vereadores da oposição);

Entretanto, falemos então do famoso processo Ilha-Bar (Zip-Zip).

- Caro Bettencourt: muitas inverdades, muitas questões, muitas opiniões têm sido por aí vociferadas.

Quero no entanto referir-lhe que, o espaço ali implantado, foi projectado e construído de acordo com todas as normas e parâmetros exigíveis.
È, provavelmente, um dos poucos estabelecimentos que, na Área Metropolitana do Porto (e arredores), possui um efectivo título de utilização dos recursos hídricos (poderão as vozes descontentes compará-lo aos bares e restaurantes da zona ribeirinha do Porto e Gaia – será que esses têm o privilégio de possuir tão relevante licença por parte da ARHn?).

Pois então, qual será o problema do projecto e obra mais referenciada da nossa praça?

Tantas foram as observações, os “palpites”, os julgamentos…

Bom… claro que não vou discutir aqui a arquitectura do espaço. Claro que não vou aqui explicar qualquer tipo de procedimento deste caso em concreto. Eu sei o que é o conceito de “deontologia profissional”!

- Diria apenas que, muitas vezes, os problemas só existem na cabeça de quem os cria. Não sei se este é um desses casos. Nem tão pouco se espera unanimismos (o que seria das outras cores se a gente só gostasse do amarelo…).

No entanto, apela-se a alguma honestidade intelectual quando se avaliam determinados contextos, determinadas intervenções e determinados intervenientes.

Porque ao longo da vida, fui aprendendo que “…a bola não se chuta apenas para a frente…” e que há sempre uma característica cada vez mais em desuso chamada ética, que muito prezo e julgo possuir.

Finalizo dizendo que, de facto, o CCTAR é um grande projecto, no qual tenho o privilégio de participar.

Por outro lado, dizer que o Ilha-Bar, apesar de tudo, é já uma referência no panorama da arquitectura local e nacional (ver publicações no expresso, revista arquitectura&construção, etc) e que é uma realidade (não é só um conjunto de palavras) e isso é que importa.

De facto tem água… tem muita água. Água a toda a volta. Umas vezes mais, outras vezes menos. Depende da estação do ano.

O que o difere do futuro CCTAR, pois este, a ser construído, só terá água de um dos seus lados.

De resto, é tudo uma questão de escala…

Respeitosos cumprimentos,
PNCS

Anónimo disse...

Pintinho e Bettencourt ao confessionário já!

PNCS disse...

(Ainda) a tempo!

Faço uma (pequena) correcção ao meu comentário das 17:42.
Admito que o Estudo do Prévio do CCTAR não tenha sido aprovado por unanimidade, mas sim, com os votos favoráves do executivo municipal e a Abstenção dos vereadores do PS.

PNCS