Tem sido
assim em cada dois anos. Cumprem-se os estatutos. Este ano também. Havia um
candidato assumido há muito, desde as distritais e desde formação de lista de
candidatos a deputados. Ali ficou logo entendido que António Cardoso, indicado
para candidato a substituir (mal, porque em lugar não de eleição e que,
naturalmente deveria ter sido recusado, porque abaixou o prestígio da Feira),
porque apoiado pelo líder distrital, haveria de ser o escolhido para ser o
candidato de regime à concelhia e, logo se disse, por se saber ser sua ambição,
que estaria a pôr o pé no arranque para se candidatar à Câmara Municipal. Ele
tinha declarado antes que gostaria de tentar, quando não houvesse que ter
Alfredo Henriques pela frente. De referir que, na reunião citada a seguir,
Cardoso declarou que “SÓ em circunstâncias muito excepcionais é que seria
candidato à Câmara.”
A certa
altura, numa reunião para que fui expressamente convidado, adivinhava-se que se
constituiria candidatura única, mesmo eventualmente liderada pelo Cardoso, uma
vez que Sérgio Cirino, também candidato anunciado e presente nessa reunião, sem
declaração formal de aceitação, deixou implícito, por alguma omissão, que
aceitaria a unificação. Que teria a vantagem de se poder constituir uma Comissão
Política (e um secretariado) com uma equipa que se dispusesse a discutir
política, apreciar e analisar coisas políticas, locais, concelhias e mesmo
nacionais e emitir opinião e tornar a opinião divulgada. Comissão Política para
discutir política. Haveriam de, nos dias seguintes, reunir e ambos acertarem as
agulhas e as condições.
Houve,
diz-se, golpe baixo, dos não permitidos pelas regras da sã convivência, para
mais entre gente do mesmo clã – como pesa a velha expressão de Churchill a dizer
que os adversários estão lá fora, porque aqui dentro estão os inimigos – e terá
sido doloroso ao ponto de Cirino se ter afastado, de todo. Caminho aberto para
uma só candidatura, excluindo uma parte significativa do partido local? Poderia
ser, e seria como tem sido desde há muitos anos. Amorfia absoluta, com
resultados amorfos, seguramente.
Mas,
instigada por ela mesma e também por alguns outros que lhe insinuaram apoio, a
Margarida Gariso deu o passo em frente e começou a procurar os apoios que lhe
regassem o ânimo. E avançou.
Parece ter
coligido um razoável núcleo de colaboradores, eventuais integrantes do elenco,
com bastante qualidade, atendendo ao projecto (Projeto5000) que foi elaborado,
projecto que indicia exactamente um pensamento político abrangente, passando
pelas teclas todas do teclado de interesses concelhios (haverá um que outro
ponto que poderá merecer alguma reserva – a mim pessoalmente lastimo que o
sector de infra estruturas tenha esquecido as Termas de S. Jorge (será bairrismo
de minha parte?) – e, sobretudo, a sua equipa conseguiu dar ao projecto um
aspecto gráfico/visual muito agradável e de fácil entendimento. Recordo que, a
quando da supra aludida reunião, António Cardoso tornou público um seu projecto
que, ou terá sido entrementes alterado e reestruturado, ou deixará os possíveis
eleitores bem confusos. É o seu projecto.
Pessoalmente optei por apoiar esta candidatura de MARGARIDA
GARISO, pela dinâmica que imprimiu à movimentação, pelo projecto que, com quem
consigo colabora, apresentou e tem explicado cabalmente pelas secções e também
porque se trata de uma candidatura espontânea, consequência de uma vazio criado
pelo tal “golpe baixo” – lembram-se todos de outra espécie de golpes, estes
altos, mas que fazem agora lembrar o aforismo de que quanto mais me esmurras
mais gosto de ti)? – e pela garantia que tem sugerido de que sempre defenderá a
inclusão, qualquer que venha a ser o resultado eleitoral. Sei que não se trata
de candidatura planeada à distância – ela mesma apoiaria a candidatura única
insinuada na tal reunião em que, também ela, esteve presente. Ao contrário da
candidatura concorrente que começou a ser lapisada, senão antes, pelo menos
quando, de forma inusitada e surpreendente, tendo sido número dois de Adriano
Martins na luta para a distrital, numa operação de pesca à linha, saltou para o
secretariado de Pedro Nuno. Ali ficou ao léu a estratégia para o futuro que se
aproximava. Foi também, ao seu jeito, um golpe abaixado, apelador a certo apoio.
Prefiro a outra candidatura que aparece com mais lisura. E mais dinâmica. E mais
coerente.
José Pinto da Silva
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